Um dos incêndios mais marcantes da história de Santa Catarina, que virou até manchete internacional, completa dez anos nesta semana. A noite de 24 de setembro de 2013 ficou marcada para sempre na memória dos moradores de São Francisco do Sul, que deixaram a cidade às pressas. O incêndio químico durou cerca de 60 horas e à época, jornais noticiaram que a nuvem de fumaça pôde ser vista em uma imagem de satélite da Nasa.
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Apesar de ter ficado conhecido como “incêndio”, não houve fogo e o que ocorreu, na realidade, foi uma reação química em um armazém carregado com mais de 10 mil toneladas de fertilizantes, localizado na BR-280. A entrada de São Francisco do Sul chegou a ser bloqueada nos primeiros dias.
Fumaça tóxica em São Francisco do Sul provoca ações judiciais
A fumaça alaranjada começou por volta das 23h e chegou a se espalhar por 13 bairros da cidade, além de atingir cidades da região, como Itapoá, por exemplo, e alcançar o litoral sul de São Paulo.
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Logo após chegaram ao local, os bombeiros voluntários informaram que, caso fosse inalada, a fumaça poderia causar, entre outros sintomas, irritação respiratória e a área foi isolada. Mais de 100 pessoas, inclusive, chegaram a procurar o hospital com sintomas de intoxicação. Por isso, parte dos moradores saíram da cidade e o governo do Estado decretou situação de emergência. Mais de 300 pessoas ficaram desabrigadas.
Foram necessários três dias de combate, em que foi evitada uma possível explosão. O trabalho contou com 200 profissionais e consumiu mais de dois milhões de litros de água.
Veja fotos do incêndio químico
Foi químico ou não?
No dia seguinte ao início do incêndio químico, com a região ainda coberta pela nuvem alaranjada, o governo do Estado emitiu um comunicado informado que a fumaça não era tóxica. O informe foi feito pelo então secretário da Defesa Civil de SC, Milton Hobus. Durante a tarde, no entanto, ele voltou atrás e reconheceu que a fumaça proveniente do incêndio no depósito com carga de fertilizante é “levemente tóxica” e “moderadamente perigosa”.
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Ele explicou ao g1 que houve um “incêndio químico”, embora a causa do incidente ainda fosse desconhecida. “O fertilizante entrou em uma reação química e produziu uma fumaça, como um fogo sem chamas”, declarou.
Conforme Hobus, o laudo da empresa exportadora dos fertilizantes, a Global Logística, apontou que o produto continha nitrato de amônia, amônia com hidrogênio e um pequeno percentual de potássio. Apesar da entrevista do secretário, o governo divulgou nova nota horas mais tarde, em que não faz nenhuma menção à toxidade da fumaça.
O que causou a reação química?
Em laudo pericial, o Instituto Geral de Perícias (IGP), atual Polícia Científica, apontou que a reação química foi causada, possivelmente, pela soma de substâncias não identificadas com a umidade relativa do ar “em estado crítico”, além do ambiente que abrigava o material estar propício para que a queima ocorresse.
Sai nova decisão judicial sobre incêndio químico de 2013 em São Francisco do Sul
O documento também citou diversas irregularidades no galpão, incluindo a situação do imóvel, que não possuía projeto preventivo contra incêndios, licença de construção ‘Habite-se’ e atestado de vistoria para funcionamento.
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Apesar do susto, não houve perdas humanas ou grande mortandade de animais, mas o impacto na fauna e flora da região foi certificado por laudos solicitados no inquérito da Polícia Civil. A investigação indiciou os dois responsáveis pelo galpão com base em leis ambientais e cerca de 12 mil ações penais de indenização foram ajuizadas por moradores de São Francisco do Sul e Itapoá. Dessas, apenas metade foi considerada procedente e já foram quitadas.
Atualmente, no âmbito ambiental, a compensação já foi atendida. Além disso, ainda resta uma ação penal em fase final.
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