Os peixes da espécie Mero são gigantes solitários. Na idade adulta, eles podem pesar 400 quilos e medir três metros, motivo pelo qual ganharam o apelido de “gigantes dos mares” e foram, por muito tempo, vistos como troféus de pesca. Hoje em dia, cerca de 80% da espécie foi extinta. Os poucos peixes que restaram vivem sozinhos, em diferentes lugares da costa brasileira, e só se encontram uma vez por ano, em lugares muito específicos do litoral brasileiro.

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Um desses lugares é a costa de São Francisco do Sul, no Litoral Norte de Santa Catarina. Por lá, no último dia 22 de dezembro, um grupo de 31 indivíduos da espécie fez uma rara aparição, registrada em um mergulho da equipe do projeto Meros do Brasil, criado em 2002 por pesquisadores catarinenses.

— O Mero não é um peixe que vive em cardume. Ele vai formar um grupo uma vez por ano, no momento da reprodução, que dura alguns meses e tem um ritual específico para acontecer, que depende de uma lua específica. As condições necessárias são muito raras — explica a gerente-geral do projeto, Maíra Borgonha.

Imagens mostram os raros peixes Meros em SC

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Essa região chama a atenção da espécie porque, a oito quilômetros dali, fica a Baía da Babitonga, a última grande área de manguezal de Santa Catarina. Esses lugares funcionam como um “berçário” para os Meros, pois oferecem as condições necessárias para que eles se desenvolvam até por volta dos 7 anos, quando atingem a idade adulta e voltam ao oceano.

Ao longo da vida — que pode chegar aos 40 anos — os Meros vão percorrendo longas distâncias pelo Oceano Atlântico. Na agregação reprodutiva vista na semana passada, o projeto Meros do Brasil conseguiu registrar, pela primeira vez, o deslocamento de um peixe que havia sido visto no Paraná, no ano passado.

Veja vídeo

Considerados em risco de extinção, os Meros foram os primeiros peixes marinhos a serem protegidos permanentemente por uma lei federal, criada em 2002. A espécie é considerada “topo de cadeia”, ou seja, sua extinção coloca em risco o equilíbrio do oceano.

Desde então, é proibido a captura, o transporte e a comercialização desses animais em todo o país. Mesmo assim, a espécie segue em risco de extinção devivo à pesca ilegal, a episódios de morte incidental (quando a pesca do mero acontece junto a outras espécies) e à degradação dos habitats desses animais.

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— Os peixes geralmente são os últimos de quem a gente vai falar, porque eles ainda são vistos como comida. A gente vem vivenciando, nas últimas décadas, a proteção de uma série de espécies que antes eram capturadas, como as baleias, as tartarugas… mas quando a gente chega nos peixes, eles ainda são vistos como algo que vai para o prato.

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O Meros do Brasil defende a ideia de que um Mero vivo vale mais do que um Mero capturado. Para se ter ideia, hoje em dia, duas empresas promovem mergulhos direcionados à observação da espécie no Paraná, o que gera, em média, entre R$ 85 mil e R$ 375 mil por ano — valor superior ao que seria obtido com a captura e comercialização de todos os Meros vistos na região.

— Se forem capturados os Meros de uma agregação reprodutiva, eles vão ser mortos e vendidos, vão valer uma vez um determinado valor. Mas se a gente fomentar o turismo de observação desses Meros, além desse valor já ser maior em um ano, os anos acumulados vão valer muito mais e muito mais a gente vai ter acesso a esses recursos financeiros.

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