Os pesquisadores do Instituto de Oceanografia da Universidade de São Paulo (USP) coletaram 13,7 quilos de lixo jogados no mar, em áreas profundas. Eles coletaram resíduos em profundidades que variam entre 274 a 1,5 mil metros no mar nas localidades de Ilhabela, litoral norte de São Paulo, e Florianópolis. Entre os muitos objetos, haviam alguns itens curiosos de se encontrar no fundo do mar.

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Veja fotos dos itens encontrados no fundo do mar

Foram coletados pelos pesquisadores 603 itens, como uma boneca da Minnie, roupas e embalagens antigas de produtos diversos. Para os cientistas, os materiais que tem origem da atividade humana marítima possuem uma densidade maior e, por isso, costumam afundam mais rápido. Os objetos de baixa densidade vêm da terra, porque podem ser carregados com maior facilidade pelas correntes marítimas, supõem os profissionais.

As expedições da equipe de cientistas da USP aconteceram através do Projeto de Diversidade e Evolução de Peixes de Oceano Profundo (DEEP-OCEAN), sendo financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Os resultados da pesquisa foram publicados em dezembro de 2023 no jornal Marine Pollution Bulletin, sendo o primeiro registro de lixo nos oceanos do Brasil a profundidades entre 274 a 1.500 metros.

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Decomposição mais lenta

Os resultados da pesquisa preocupam os pesquisadores. O principal motivo seria a ausência de raios ultravioletas, o baixo oxigênio e as baixas temperaturas nas profundezas do oceano que retardam a decomposição dos resíduos.

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Como as fotos mostram, alguns itens que foram encontrados estavam em boas condições. No caso de embalagens de alimentos, foi possível ver algumas datas de vencimento, com uma delas indicando que seu conteúdo deveria ser consumido até 1996, há 28 anos.

Plásticos e metais foram os mais encontrados

Inicialmente o projeto pretendia estudar a diversidade de peixes de mar profundo no Brasil. Porém, os pesquisadores se surpreenderam pela enorme quantidade de lixo coletado com os animais. A rede usada trazia quase sempre embalagens de alimentos, sacolas plásticas, garrafas, latas e utensílios de pesca. Alguns desses resíduos eram materiais altamente tóxicos e prejudiciais ao meio ambiente, como tintas para embarcações e latas de óleo para motor.

Dos 31 locais que foram selecionados para a coleta, 16 ficam a sudeste de Ilhabela (SP) e 15 próximos a Florianópolis, em apenas três deles os peixes não vieram acompanhados de lixo. Separados pela composição, o plástico representou mais da metade (57,1%) da quantidade desses itens e esteve presente em todos os locais pesquisados.

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Em seguida vieram os metais, com 14% do total; os têxteis, com 11%; o vidro, com 7%; e as tintas de embarcações, com 6%. Outros tipos de itens somaram 17%. Quando pesados, os objetos de vidro vencem, seguidos pelos de metal, de concreto e têxteis, com respectivamente 29%, 22%, 13% e 13% do peso total.

Consumo de microplásticos pelos animais

A pesquisa aponta o impacto causado pela presença de microplásticos no oceano, que podem resultar do processo de fragmentação de pedaços maiores de plástico e, sendo consequentemente, ingeridos pelos organismos, que posteriormente são base alimentar dos seres-humanos.

Um indício de que os animais de mar profundo também consomem, segundo os pesquisadores, é despejo no oceano de grãos de milho e de soja, que foram encontrados no estômago de uma espécie de peixe-granadeiro. A próxima etapa será investigar a possibilidade de contaminação nos invertebrados encontrados em algumas amostras, como esponjas-do-mar, poliquetas e pequenos crustáceos.

*Com informações do jornal da USP

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