O empresário Evanio Prestini chegou ao Fórum de Gaspar pouco depois das 8h desta quarta-feira (19). Ele estava acompanhado e desembarcou do carro a cerca de 20 metros da porta do tribunal. O acusado passou ao lado dos familiares de Amanda Grabner Zimmermann e Suellen Hedler da Silveira, vítimas do acidente que ele é acusado de provocar quando estava no volante de um Jaguar na rodovia federal.
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Veja registros feitos na manhã desta quarta-feira
Não houve nenhuma manifestação quando Prestini chegou para o julgamento. Como todos os convocados, o empresário apresentou documento de identificação e passou pela porta com detector de metais, rumo à sessão do tribunal.
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O pai de Suellen contou que estava tremendo e ansioso pelo júri popular, o qual deve dar um desfecho às famílias das vítimas. A tia de Amanda afirmou que lutou por cinco anos e três meses para que o motorista do Jaguar fosse a julgamento.
Um caso marcado por recursos judiciais
Sábado, 23 de fevereiro de 2019, às 7h30min. Evanio conduzia um Jaguar F-Pace pela BR-470, perto do Restaurante La Terra, quando atingiu o Palio em que estavam Suelen Hedler da Silveira e Amanda Grabner Zimmermann, as duas vítimas fatais do acidente. Uma terceira jovem, Maria Eduarda Kraemer, chegou sofreu diversas fraturas, ficou internada por mais de um mês no hospital, mas felizmente sobreviveu, apesar de ainda sofrer com as sequelas da batida.
Uma gravação feita horas antes o mostra em uma confraternização com bebidas alcoólicas (assista abaixo).
O teste do bafômetro feito no local confirmou que Prestini estava embriagado. Um vídeo feito minutos antes do acidente (assista abaixo) mostra o Jaguar transitando em zigue-zague pela rodovia federal, sentido litoral. As imagens foram feitas a cerca de 30 quilômetros do local onde ocorreu a colisão. O motorista que fez a gravação chegou a ligar para a Polícia Rodoviária Federal para alertar, porém o carro de luxo em nenhum momento é interceptado.
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A PRF admitiu, à época, que os policiais erraram ao não abordar o veículo após a denúncia.
Jaguar flagrado em zigue-zague
Evanio Prestini foi preso em flagrante e, no dia seguinte, a prisão foi convertida para preventiva. O motorista do Jaguar chegou a ficar preso cinco meses no Presídio Regional de Blumenau, mas foi solto em 26 de julho de 2019, após uma decisão do ministro João Otávio de Noronha, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele responde ao processo em liberdade desde então e a defesa vem batalhando na Justiça para evitar que Prestini enfrente o Tribunal do Júri.
Em agosto do ano passado, porém, o STJ negou o recurso dos advogados do motorista do Jaguar e entendeu que a decisão da Justiça de Santa Catarina em mandá-lo a júri popular foi correta. À época, a defesa alegou que o júri popular seria “desproporcional”. Evanio é acusado pelo Ministério Público de ter praticado dois homicídios e três tentativas com dolo eventual, quando o autor assume o risco do crime.
De acordo com a acusação, o motorista do automóvel, alcoolizado, invadiu a pista contrária da BR-470 e atingiu um carro que vinha na direção contrária, onde estava o grupo de amigas.
O decorrer do processo foi marcado ainda por uma série de pedidos feitos pela defesa de Evanio Prestini. Em março de 2019, quando o motorista ainda estava no Presídio Regional de Blumenau, o advogado citou a crucificação de Jesus Cristo para pedir o habeas corpus de Prestini. Três semanas depois, em uma defesa prévia entregue à Justiça de Gaspar, a defesa culpou a motorista do Fiat Palio pelo acidente. Thainara Schwartz fez teste do bafômetro no dia e não indicou presença de álcool.
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No mesmo mês, um perito contratado pela família de Prestini disse que “a embriaguez dele nada teria a ver com o acidente”. Um segundo vídeo mostra quando o Jaguar invadiu a contramão (assista abaixo).
Vídeo mostra Jaguar invadir a pista contrária
No mesmo ano, em novembro, a Justiça negou um pedido para que Evanio passasse férias com a família de frente para o mar em Balneário Camboriú. Desde a prisão, ele cumpre medidas cautelares. Entre elas estão: o comparecimento periódico em juízo, a cada 30 dias para informar e justificar atividades; proibição de acessar e frequentar bares, boates e similares; não pode se ausentar da cidade que reside, por mais de 30 dias sem autorização; recolhimento domiciliar no período noturno a partir das 20h até as 6h da manhã; comparecer a todos os atos do processo.
Evanio também teve a suspensão do direito de dirigir veículo automotor pelo prazo em que durar o processo.
Em abril de 2019, dois meses após o acidente, o advogado Gastão Filho, considerado atualmente o maior nome da advocacia criminal de Santa Catarina, renunciou à defesa do empresário. Evanio contratou ainda o ex-advogado de PC Farias e Collor, Nabor Bulhões, como é conhecido no meio jurídico. Ele é um dos mais renomados criminalistas do Brasil.
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