Sem tanta eficácia e precisão como agora, os registros de antigas nevadas que tomaram Santa Catarina no passado só existiam por meio de memórias e fotos. A de 1912, uma das primeiras do Estado, eternizou-se apenas pelas páginas do livro Gavião de Penacho: memórias de um serrano, do ex-deputado estadual Enedino Batista Ribeiro, morto em 1989.

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Nos registros dele, a neve daquele ano caiu sem parar por três dias e três noites em São Joaquim. Então com 13 anos, Enedino conta como a família fez para suportar o frio, a morte dos animais e a ausência do pai, que estava em viagem.

_ Nós, os menores, de certo modo, e com razão, intimidados, perguntávamos se papai iria morrer naquela barbaridade. Nossa mãe então nos tranquilizava dizendo que nada iria acontecer _ escreve.

Em julho de 1957, outra grande nevada soterrou a cidade, quando a neve caiu por sete horas seguidas e acumulou 1,30 metro em alguns pontos. A cidade ficou isolada e algumas casas não aguentaram o peso do gelo e desabaram, deixando dezenas de famílias desabrigadas.

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Moradores relatam que, quando os alimentos se esgotaram, aviões da Força Aérea Brasileira chegaram a lançar fardos de suprimentos e remédios em um campo de futebol. A água para o consumo e preparação de alimentos era retirada da própria neve, derretida ao fogo.