A década de 1930 foi um período turbulento em Blumenau. O cenário instável na política nacional respingou também à cidade, que foi desmembrada, perdeu território e chegou, até, a lidar com uma ameaça de confronto armado. Os anos foram marcados por lideranças políticas de prefeitos como Alberto Stein, responsável por trazer as filhas do fundador Hermann Blumenau pela primeira vez para conhecer o município fundado pelo pai delas.

Continua depois da publicidade

Receba notícias de Blumenau e região por WhatsApp

As fotos antigas que você confere abaixo foram compartilhadas à reportagem pelo Arquivo Histórico José Ferreira da Silva e mostram um pouco da pacata cidade que era Blumenau naquela década. Com 98,6 mil habitantes, conforme um recenseamento feito pelo próprio município à época, as ruas eram bem diferentes dos tempos atuais. Esse número de moradores, vale lembrar, contemplava não somente o que hoje é território blumenauense, como também outras cidades do Vale do Itajaí.

Veja as imagens de Blumenau na década de 1930

Imagens do acervo do Arquivo Histórico de Blumenau. Confira:

Continua depois da publicidade

A população de Blumenau em 1927

  • 98.663 habitantes
  • 16.558 famílias
  • 49.913 homens
  • 48.750 mulheres
  • 51.244 católicos
  • 47.109 protestantes
  • 310 de outras confissões
  • 30% da população analfabeta

Fonte: Blumenau em Cadernos

Emancipações em série

É a partir dos anos 1930 que começa o desmembramento, com emancipações políticas de diversos municípios. Rio do Sul é o primeiro — e aí estamos falando de uma série de cidades no Alto Vale também, como Taió Ituporanga, Rio do Oeste, Pouso Redondo, entre outras. O que antes é o Distrito da Bella Aliança, logo se tornou um território autônomo. No fim daquele ano, com a Revolução de 30, que tirou Washington Luís do poder e alavancou Getúlio Vargas, cai também o prefeito Curt Hering, alçando João Kersenach ao cargo de chefe do Executivo blumenauense.

Naquele período, Blumenau chegou, até, a ser capital interina de Santa Catarina, enquanto Florianópolis resistia às forças revolucionárias.

O desmembramento de Blumenau ganha força a partir de 1934. Primeiro, o Distrito de Hamônia passa a não fazer mais parte do território blumenauense e, sob o nome de Dalbérgia, vira o que hoje é Ibirama, Presidente Getúlio, José Boiteux, Dona Emma, Vitor Meireles e Witmarsum. Ainda em 17 de fevereiro de 1934, Gaspar e Indaial (incluindo o que hoje é Ascurra e Apiúna) emancipam-se. Onze dias mais tarde, em 28 de fevereiro, Timbó é desmembrada, somando o que hoje são as cidades de Timbó, Rio dos Cedros, Benedito Novo, Rodeio e Doutor Pedrinho.

Continua depois da publicidade

Essas emancipações em série reduzem consideravelmente o território de Blumenau e provocam protestos por parte da população. O movimento “Por Blumenau Unido” levou milhares de moradores às ruas contra o desmembramento. O comércio chegou a fechar as portas por uma semana, Houve um princípio de atrito entre os federalistas, que já ocupavam o Estado com tropas, mas apesar da iminente revolta, não há registro de confrontos. A revista “Blumenau em Cadernos” cita, em publicação do ano 2000, que havia potencial de “derramamento de sangue”, já que o governo havia enviado “força armada” e a população “se preparava para recebê-la a bala”. Por prudência dos governantes locais à época, segundo ainda a revista, a manifestação foi esvaziada.

Menos mal.

Leia também

Fotos antigas revelam o charme da Estrada de Ferro de Santa Catarina em Blumenau e região

Fotos de 1983 revelam estragos e o drama de uma das maiores enchentes de Blumenau