Quem passa despercebido pela Rua do Príncipe, na esquina com a Rua Jerônimo Coelho, pode não enxergar a história que ali se esconde. Inaugurado há 92 anos, o histórico Palacete Schlemm já recebeu em sua estrutura diversas funções, sendo centro comercial e até um charmoso hotel no centro de Joinville. Inicialmente propriedade da família Schlemm, uma das colonizadoras da cidade, hoje segue com os descendentes diretos: a família Fritsche.

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O imóvel foi projetado e teve a construção iniciada em 1929, pelo comerciante de erva-mate Jorge Schlemm, filho de Heinrich Friedrich August Schlemm, que emigrou para Joinville em 1852 e se casou com Sophie Colin Schlemm.

A inauguração do imponente imóvel aconteceu em 1932. O térreo do Palacete – pequeno palácio na definição da palavra – disponibilizaria três áreas para lojas, sendo uma barbearia, casa de negócios e restaurante. Nas partes superiores, teria fins residenciais para a família proprietária.

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Após o falecimento de Jorge Schlemm, seis anos após a construção, houve, por parte dos filhos, interesse em continuar a atividade. Alguns herdeiros mudaram-se para a Europa e aqueles que ficaram arrendaram o prédio para servir de hotel. Em 1940, já era chamado de Hotel Príncipe.

Na década de 1960, o hotel passou por alteração da administração, sendo tocado pela família Karsten. Porém, dez anos depois, o hotel voltou a ser administrado pela família Schlemm. Sem atender satisfatoriamente às necessidades de hospedagem na cidade, um edifício ao lado, ligado com o Palacete, foi construído. Nesse período, oferecia 45 quartos para hospedagem.

Veja fotos do Palacete Schlemm em Joinville

Drama pela restauração

Em 1988, o hotel no prédio original foi desativado em função da precariedade das instalações e dificuldade de manutenção e conservação das estruturas antigas. Apenas os pontos comerciais no térreo permaneceram em funcionamento.

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Para tentar reformar, um projeto arquitetônico foi feito e a obra iniciada. Mas, de acordo com Alexandre Fritsche, atual proprietário do Palacete e tataraneto de Jorge Schlemm, o valor guardado para a reforma do palacete foi confiscado durante o Plano Collor, deixando a família sem recursos para a obra.

— Em 1990, passou por uma reforma e foram retirados os assoalhos do segundo e terceiro pavimento para colocar laje. Também houve o restauro do telhado. Mas, o dinheiro guardado para toda a reforma programada foi confiscado e não foi suficiente — explica Alexandre.

Desde então, o imóvel, tombado pelo governo do Estado em 2001, vive um drama pelo restauro, mas mantém a operação comercial em unidades do térreo.

— Estamos com uma verba para fazer a pintura externa do imóvel e o restauro da parte de pisos do primeiro andar. O restauro do piso foi feito via Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura (Simdec) e foram feitos projetos com recurso próprio. Eu tenho a ideia de dar o uso para esse prédio, para sobreviver e manter. É difícil dizer quando (vai ser usado na íntegra) por não ter uma data para começar e terminar o prédio, por recursos financeiros — afirma.

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Futuros planos

Localizado na Rua do Príncipe, esquina com a Rua Jerônimo Coelho, o Palacete Schlemm permanece até hoje com os detalhes em relevo na fachada feitos pelo escultor alemão Fritz Alt.

Na frente do prédio, na Rua do Príncipe, está a cabeça de Mercúrio, deus na mitologia grega, com as iniciais “JSF” e a data de 1930. Ao lado do edifício, na Rua Gerônimo Coelho, há a representação da Minerva e o brasão da família Schlemm.

Mesmo com tanto charme e uma construção que se destaca na maior cidade de Santa Catarina, o imóvel deve permanecer inutilizado na sua integralidade, conforme o proprietário, somente com as lojas do térreo funcionando.

— Hoje em dia, ele não está pronto para visitarem, e não tem muita coisa. Temos a fachada, que em 2022 foi utilizada para as Festas da Luzes e terá novamente em junho essa festa cultural. No ano passado, também coloquei o prédio à disposição para o natal da cidade. Tem a limitação da parte interna, mas pela localização, e arquitetura, o uso para eventos culturais é muito interessante. Para o futuro, depende do modelo de negócios que vai estar em alta para possivelmente ser utilizado — afirma Alexandre.

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Atualmente, a família aluga o térreo para lojas e é proprietária do Príncipe Hotel, localizado ao lado do Palacete.

*Sob supervisão de Leandro Ferreira

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