A barragem de José Boiteux, no Alto Vale do Itajaí, voltou a ser alvo de impasse entre o governo de Santa Catarina e os indígenas Laklanõ Xokleng na manhã deste domingo (15). Isso porque o Estado decidiu abrir uma das comportas, enquanto o povo originário critica a presença da Polícia Militar na região. Após atingir a capacidade máxima, o local começou a verter na noite da última sexta-feira (13), pela primeira vez na história.
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De acordo com informações do governo estadual, a abertura da comporta acontecerá ainda durante a manhã se o rio estiver dentro dos parâmetros. Já a presença da PM se dá após a Polícia Federal (PF), até então responsável pelo ato, disse ter baixo efetivo e solicitou apoio dos militares.
Nas redes sociais, um perfil da Juventude Xokleng criticou o caso e disse que a presença da PM é para “intimidar” os indígenas. De acordo com a nota, eles estão sem energia elétrica e cobertura telefônica na maior parte da aldeia.
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O texto ainda afirma que o povo Xokleng não vai interferir no trabalho da Defesa Civil na barragem, seja para reabertura ou fechamento das comportas.
Na manhã deste domingo, a capacidade da barragem estava em 96,7%.
Barragem gera conflitos com indígenas
As duas comportas da barragem de José Boiteux foram fechadas em 8 de outubro. A estrutura é a maior de contenção de cheias de Santa Catarina e tem impacto direto no nível do Rio Itajaí-Açu na região de Blumenau. A decisão do governador, Jorginho Mello (PL), gerou polêmicas e conflitos entre Polícia Militar e indígenas da terra Laklanõ Xokleng, demarcada legalmente.
Por consequência, quando chove, a área é inundada, moradias são afetadas e a comunidade fica ilhada. É assim desde 1992, quando a obra foi entregue pelo governo federal. Aliás, antes mesmo de ficar pronta, já foi motivo de briga.
Os indígenas relatam que ao longo da história casas, escolas e plantações se perderam por causa da barragem. Citam, inclusive, mortes em decorrência das inundações. Desde então, cobram indenização por causa dos danos provocados pela construção. O Ministério dos Povos Indígenas acompanha o caso.
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