Paris, ano 2000. No auge da carreira, o fotógrafo francês Bruno Pellerin desdobra-se para atender a todos os convites que recebe. Os mais importantes estilistas querem contratá-lo para fotografar suas novas coleções. Badaladíssimo no circuito fashion internacional, Pellerin vive num mundo que gira em torno da moda: modelos, passarelas, desfiles, tecidos, designers, viagens, maisons, champanhes e glamour. Muito glamour. Tudo conquistado graças ao talento e sensibilidade natas e à sede de aprender sempre mais.
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Confira galeria de fotos de Bruno Pellerin
Belém do Pará, ano 2011. O homem é o mesmo, Bruno Pellerin. A essência também não mudou, ele garante. Mas de resto, é até difícil acreditar tratar-se da mesma pessoa. De bermudas, camiseta e chinelos, o fotógrafo caminha sem pressa pelas ruas de Belém do Pará, cidade que escolheu para viver em 2008. Cumprimenta os vizinhos, fotografa uma criança que brinca na beira da praia, saboreia uma fruta recém tirada do pé. Na agenda, poucos compromissos formais. Sobra tempo para curtir a vida.
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Bruno Pellerin estará em Florianópolis, nesta quinta-feira, dia 13, para um bate-papo com o público que for prestigiar o 19º Donna Fashion DC Iguatemi. Ele relembrará momentos marcantes de sua carreira de quase 30 anos como fotógrafo internacional de moda. Pellerin clicou backstages, desfiles e coleções de Ted Lapidus, Chanel, Dior, Givenchy, Paco Rabane, Jean Paul Gaultier e Ocimar Versolato, entre muitos outros, e tem histórias interessantíssimas para contar.
No mês passado, os catarinenses puderam admirar parte do trabalho do fotógrafo francês durante a exposição Les Coulisses de La Mode (Os Bastidores da Moda), trazida à Capital pela Aliança Francesa. Em 39 fotografias, Pellerin retratou, além da sedução e do glamour, o trabalho intenso do universo da moda. Os registros também conferiram um aspecto de documentário ao trabalho, como um passeio histórico sobre a transformação na maneira de se vestir e de se portar ao longo das décadas.
De Paris a Belém do Pará
Aos 54 anos, Bruno Pellerin diz estar vivendo a melhor época de sua vida. Depois de uma overdose de holofotes e glamour, hoje o que o encanta é a simplicidade. Mudou-se definitivamente para o Brasil em 2008, país que conheceu em 2003 e pelo qual apaixonou-se assim que conheceu a Região Norte.
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– O Rio de Janeiro e São Paulo são metrópoles tão agitadas, estressantes e violentas quanto Paris. Eu sonhava com outra vida – conta.
Belém do Pará foi amor à primeira vista. Virou sonho de consumo. Em Paris, quase ninguém acreditou quando ele disse que largaria tudo e viveria no Brasil, numa região de água e vegetação abundantes, onde ainda existem tribos indígenas que vivem como antigamente e muitas crianças vão para a escola de barco.
Loucura? Ele jura que não. Gostou tanto de Belém e do Brasil que já se considera “nativo”. Fala um português carregado de sotaque e, de vez em quando, solta um “ulalá!”, seguindo de uma risada gostosa. Está feliz aqui e diz que Europa, agora, só para fazer turismo.
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– O Brasil é meu país. Meu lugar é aqui – assegura.
Trabalho feito com prazer
O olhar apurado, a atenção aos mínimos detalhes e o gosto pela estética que Bruno Pellerin desenvolveu clicando moda são de grande valia para o seu trabalho atual. Ele fotografa a natureza e o povo da Região Norte, em belíssimos registros que já mereceram inclusive um ensaio numa edição especial da Revista PZZ (Pará Zero Zero), intitulada Retratos Musicais do Pará. Ele fotografou 45 artistas em preto e branco, técnica que também era sua predileção nos ensaios de moda.
– A moda me dava muita inspiração e senso estético, e isso eu carregarei sempre comigo. O objeto em foco é diferente, mas a visão do fotógrafo é a mesma – diz.
De tudo o que aprendeu durante os quase 30 anos de registros da alta costura, Pellerin destaca como o mais importante o respeito, em suas fotos, pelo trabalho desenvolvido pelo estilista.
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– Minha função era enaltecer o trabalho do estilista. Nas fotos, eu procurava mostrar às pessoas inclusive como eram as texturas dos tecidos. Seda, algodão… Só de ver a foto, as pessoas sabiam qual tecido tinha sido usado na confecção daquela roupa.
Pellerin conta que se deu bem com todos os estilistas para os quais trabalhou. Cada um deles ensinou-lhe alguma coisa. Com Paco Rabane tinha uma sintonia especial, gostavam de trabalhar juntos. Modelos preferidas não tem. Diz que foi um prazer clicar Gisele Bündchen, sempre muito profissional e dedicada.
O fotógrafo francês montou sua casa/estúdio/escritório no Centro de Belém. Continua às voltas com a fotografia. Fez inclusive trabalhos de moda para estilistas paraenses.
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– Continuo gostando de moda, acredito que tenho um olho treinado para isso, mas aqui posso fazer a foto que quero, no momento que bem entender. Estou vivendo agora o que chamo de “tempo do prazer” – conclui.
Palestra
O quê: palestra com Bruno Pellerin
Quando: quinta, 13 de setembro, às XX
Onde: 19º Donna Fashion DC Iguatemi, no piso G3 do Shopping Iguatemi