Um fotógrafo preso há pouco mais de um mês em Balneário Camboriú por suspeita de produzir conteúdos de pornografia infantil para sites do exterior foi solto nesta quarta-feira (1º). Como medida cautelar, deve usar uma tornozeleira eletrônica, determinou a 1ª Vara Federal de Itajaí. As informações são do g1 SC.

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Na prisão preventiva, que ocorreu em 28 de abril, a Polícia Federal revelou que as investigações apontavam comercialização de fotos e vídeos eróticos de crianças e adolescentes entre 4 e 17 anos. Esse material, ainda de acordo com a PF, ficava à disposição na deepweb, que nada mais é do que uma área da internet que fica oculta a mecanismos de busca (como o Google) e à margem de regulamentação, podendo ser usada para prática de crimes.

Segundo a PF, crianças e adolescentes eram fotografadas em poses sensuais e eróticas em materiais que seriam utilizados supostamente por agências de modelos. Dez mandados de busca e apreensão foram cumpridos em endereços de Balneário Camboriú, Santana do Parnaíba (SP), Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.

Sequestro e bloqueio de bens também foram autorizados pela Justiça em torno da operação chamada de “Abusou”.

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Ainda conforme a PF, ele era o principal fotógrafo do grupo. Após a investigação, foi indiciado por dois estupros, três atentados violentos ao pudor, três violações sexuais mediante à fraude, quatro importunações sexuais, dois estupros de vulnerável e 19 assédios sexuais, “além de organização criminosa e alguns crimes referentes à comercialização de material de pornográfico de criança e adolescente”, informou a polícia.

O inquérito segue em andamento. As investigações tiveram o apoio da Interpol e da agência norte-americana de segurança, a Homeland Security Investigations (HSI).

Contraponto

O g1 SC procurou a defesa do homem, que enviou uma nota. No texto, sustentou que a soltura é um direito processual e que não há, até o momento, “conjunto probatório suficiente da prática dos crimes que lhe são imputados para fins da formalização da acusação em seu desfavor”.

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“Trata-se de clara injustiça lastreada em um grande equívoco decorrente da distorção dos fatos, os quais serão devidamente aclarados durante a instrução processual”, acrescentou.

A reportagem também procurou o Ministério Público Federal, que, no processo, se manifestou contra a soltura do suspeito. Por enquanto não teve retorno.

A investigação

De acordo com a PF, os crimes ocorriam desde 2001, quando garotas eram convencidas a serem filmadas e fotografadas com roupas de banho e sem peças íntimas, sob a promessa de que o material seria utilizado para agenciamento de modelos em trabalhos de moda e publicidade, sob o argumento de que as fotos seriam exigência das empresas. No entanto, as imagens eram vendidas em sites internacionais.

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A investigação apontou também que os nomes e perfis de redes sociais eram comercializados na deep web em países como a República Tcheca, Estados Unidos e Rússia. Identificou-se, ainda, que essas imagens eram comentadas e compartilhadas por indivíduos que expressavam interesse em abuso sexual infantil e também em fazer contato com as garotas.

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De acordo com a PF, 200 mil arquivos de imagens e vídeos são analisados pelo Serviço de Repressão a Crimes de Ódio e Pornografia Infantil da Polícia Federal, em Brasília, e 10 pessoas foram indiciadas pelos crimes de organização criminosa, violação sexual mediante fraude, importunação sexual, assédio sexual, registro não autorizado da intimidade sexual, disponibilização de material pornográfico e estupro de vulnerável.

As investigações da Operação Abusos tiveram o apoio do Secretariado Geral da Interpol, localizado na cidade francesa de Lyon, considerando que há vários anos as imagens das menores eram reportadas por estarem associadas a pornografia infantil e estarem catalogadas no banco de imagens de exploração sexual infantil da Interpol.

“A comercialização das imagens aconteceu por muitos anos, por diferentes meios de pagamentos, como cartões de crédito, transferências internacionais e, mais recentemente, também por criptomoedas”, informou a polícia.

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