Poucas pessoas no mundo tiveram o privilégio que o jornalista e fotógrafo Lemyr Martins, de 86 anos, teve de poder acompanhar a vida do piloto tricampeão mundial de Fórmula 1 Ayrton Senna, desde a infância até o fatídico acidente em 1º de maio de 1994.

Continua depois da publicidade

Receba notícias de Joinville e região no WhatsApp

Com presença em dez Copas do Mundo e mais de 300 GPs, o catarinense de Mafra, no Norte do estado, se transformou em um dos maiores nomes do jornalismo esportivo. Lemyr acompanhou a trajetória de grandes nomes do esporte brasileiro e sempre teve uma ligação muito próxima com Pelé. Mas a especialidade foi o automobilismo.

Siga as notícias do NSC Total pelo Google Notícias

Continua depois da publicidade

Ao vivo, presenciou o surgimento de lendas como Emerson Fittipaldi, o primeiro campeão mundial da Fórmula 1, e, posteriormente, de Ayrton Senna, ainda na infância.

— No kart, em Interlagos (SP), a gente ia ver algumas corridas e tinha um “guri” de 13 anos, muito obstinado, que corria muito bem, contratou o melhor preparador de motores e não parava de ganhar corridas. Aquilo mostrou pra gente que tinha um talento emergente — relembra.

Como um amuleto dos brasileiros, Lemyr Martins também acompanhou de perto os oito títulos brasileiros na F1: dois de Emerson Fittipaldi (1972 e 1974), três de Nelson Piquet (1981, 1983 e 1987) e três de Ayrton Senna (1988, 1990 e 1991).

A última conversa antes do acidente

Como jornalista e fotógrafo, Lemyr estava presente nas corridas, treinos, bastidores e até na vida pessoal de Ayrton Senna. Poucas pessoas conhecem o ídolo brasileiro tão bem como o catarinense.

Continua depois da publicidade

São histórias e relatos, presentes no livro publicado em 2001, nomeado Uma Estrela Chamada Senna, que reúnem desde a cena do nascimento de Senna descrita pela mãe na maternidade até detalhes do acidente no GP de San Marino, em Ímola.

— Antes da corrida, eu tinha feito uma reportagem grande com ele, para a revista Playboy. Dias antes, chegamos no circuito, ele me observou e avisou: “Preciso falar contigo, te contar uma coisa que você colocou que não é bem aquilo, vai fazer falta” — revela.

Mas desde a fala, os dois não conseguiram mais conversar. Focado nos treinos antes da corrida, Ayrton ficou concentrado até o domingo, dia do acidente.

— Eu acabei nunca sabendo o que ele queria me dizer — afirma Lemyr.

A Foto do Século

Além de Ayrton Senna, Lemyr acompanhou a trajetória de grandes nomes do esporte, como Garrincha e Maradona. Mas o fotógrafo sempre teve uma ligação muito próxima com Pelé.

Continua depois da publicidade

O catarinense é o único jornalista que esteve em todas as despedidas de Pelé, pela Seleção Brasileira (no Maracanã, contra a Iugoslávia), pelo Santos (na Vila Belmiro, contra a Ponte Preta) e também pelo Cosmos de Nova York, no Giant Stadium.

— Pelé, para mim, é a coisa mais importante do mundo. É um orgulho ter tido ele como fonte. Não é um esportista, é uma instituição — disse Lemyr.

O soco histórico de Pelé, comemorando um gol durante a Copa do Mundo de 1970, também tem dono. Lemyr Martins foi quem clicou a imagem considerada a “Foto do Século”.

Um dos maiores nomes do fotojornalismo brasileiro

Dono de um currículo tão rico, Lemyr Martins nasceu em Mafra, no Planalto Norte de Santa Catarina, em 4 de julho de 1937. Da vida no território catarinense, ele conta que o pai,  “seu” José Martins, era confeiteiro. Da mãe, Dalva, Lemyr lembra de um misto de rigidez na educação e uma doçura  no trato.

Continua depois da publicidade

Lemyr viveu em Mafra até os 17 anos e pouco satisfeito como trabalhador do ramo do comércio, resolveu tentar sonhos mais altos e mudou-se para Porto Alegre.

Em 1957, como fotógrafo dos estúdios Leopoldis Som, iniciou a carreira. Ainda na capital gaúcha, trabalhou nos jornais Última Hora e Zero Hora e também na sucursal do Jornal do Brasil.

No final dos anos 1960, se transferiu para São Paulo para fazer parte da equipe do Jornal da Tarde, um novo projeto do Estadão. Convidado por Hedyl Vale Júnior, integrou a equipe pioneira da Placar, uma revista esportiva semanal lançada em 1970 e que em sua primeira edição estampava na capa uma foto de Pelé clicada por Lemyr Martins.

O experiente fotógrafo deixou de acompanhar as provas de Fórmula 1 em 2010. Atualmente, aos 86 anos, Lemyr Martins vive em Porto Alegre ao lado da esposa Dione. Mesmo lúcido e fluente, ele não pode mais fotografar, pois foi perdendo a visão em cerca de 50%, sem possibilidade de cirurgia.

Continua depois da publicidade

— Estou aposentado e curtindo as coisas da vida. Eu vejo que colaborei com Ayrton Senna, deixando o livro que me emociona cada vez que eu falo — afirma Lemyr.

*Sob supervisão de Leandro Ferreira

Leia também

Fotos antigas mostram Curitiba antes de se tornar a Capital Ecológica do Brasil

Após 3 anos, Arena Joinville recebe jogo da Copa do Brasil; relembre última participação do JEC

FOTOS: Heróis de vermelho, Bombeiros Voluntários de SC comemoram 30 anos de associação