A velha escrivaninha remete a lembranças do início da carreira. Nela, Lair Bernardoni escreveu os primeiros textos e armazenou seus primeiros negativos. Falar do móvel cheio de histórias traz aquela sensação quentinha ao coração da fotógrafa, não só pelas recordações, mas também por ter feito parte do local onde Lair iniciou a carreira, Balneário Camboriú.
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A escrivaninha, a bicicleta e outros objetos da artista fazem parte da exposição Pinceladas de Luz, aberta nesta sexta-feira no Museu de Arte de Santa Catarina (Masc), em Florianópolis. A mostra, que traz como foco principal as delicadas fotos da artista, permanece aberta até o dia 12 de maio.
Seu trabalho ficou conhecido no Brasil quando estampou, ainda nos anos 1980, o material publicitário dos perfumes O Boticário. Não demorou para que estivesse entre os profissionais que colaboravam com a agência internacional The Image Bank (atualmente incorporado pelo Getty Images Inc) e suas imagens de mulheres e crianças brasileiras encantassem o mundo.
As obras também ilustraram capas de livros, agendas, calendários, discos e peças publicitárias, além de serem expostas em museus da América do Sul, dos Estados Unidos, do Canadá e da Europa.
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Essa repercussão só fez crescer o carinho de Lair por Balneário Camboriú. Para ela, o reconhecimento internacional de sua obra veio a partir da cidade.
O laço com o município é notório a cada vírgula do discurso singelo e acalorado da artista. Nascida em São Francisco do Sul, Lair mudou-se para Balneário aos 42 anos e se apaixonou pela característica cosmopolita, beleza e qualidade de vida oferecida.
– Balneário Camboriú é o berço da criação da minha obra, de igual maneira a escrita e a fotografia. Da década de 1980 até os dias de hoje, é a cidade que elegi para compor com a família um lugar para seguir vivendo e não para esperar a morte.
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Foi aqui que a artista aprimorou esse retorno às origens da arte de fotografar, marca registrada de Lair, que por vezes recebe elogio “pelas belas pinturas”, numa confusão comum que as pessoas fazem ao observar as imagens diáfanas que misturam realidade e sonho. Ela só usa luz natural e fotografa sempre a até 60 centímetros da modelo.
– Preciso deste espaço exíguo que a foto revela. As mulheres se abandonam, se deixam levar e é neste momento que faço a foto. Há uma leitura do (Lindolf) Bell em que ele diz que minhas fotos revelam a face debaixo do rosto, e ela é vaidosa também. Os homens amam a mulher que eu retrato: ela não é erótica, é sensual e doce – diz.
Na exposição Pinceladas de Luz – nome de um de seus três livros – Lair mostra além do universo das mulheres, fotos que produziu em viagens pelo mundo e um pouco de seu fascínio por portas e janelas.
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