Nenhum país da Europa e da Ásia Central, nem Rússia e Turquia, escapará da crise financeira atual e as despesas de consumidores, governos e empresas sofrerão o impacto de um crescimento lento ou inexistente e das restrições ao crédito. É o que destaca uma análise divulgada nesta quinta pelo Fórum Econômico Mundial sobre os riscos que estas regiões enfrentam como ante-sala de sua próxima reunião do 1º Fórum Econômico para a Europa e Ásia Central, em Istambul.

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Os autores da pesquisa destacam a incerteza que reina sobre o alcance final, duração e conseqüências a longo prazo da crise, embora já se reconheça sua natureza global. Aliviar as conseqüências desta situação passará por “consideráveis investimentos a longo prazo, em infra-estruturas, educação e energia alternativa”, segundo o Fórum Econômico Mundial.

Sobre o risco de desaceleração da economia, afirma que, enquanto a Europa Ocidental aparecer claramente em recessão, as projeções para Ásia Central, Turquia e Rússia continuam sendo positivas, embora a inflação (ao redor de 10% este ano) se apresenta como um grande problema para estes últimos.

No caso específico da Europa Ocidental, o estudo diz que a região sofrerá um severo efeito comercial direto pelo arrefecimento da economia, por causa de sua abertura neste setor. Sobre a Rússia, qualifica sua economia de “robusta” e lembra que suas previsões de crescimento não diminuíram, que conta com a terceira maior reserva do mundo em moeda estrangeira (US$ 500 bilhões), uma dívida externa baixa, um superávit comercial e US$ 200 bilhões em fundos soberanos.

Sobre os países europeus emergentes, diz que seu principal risco passa por sua alta dependência do capital estrangeiro, o que amplifica sua vulnerabilidade externa. O Fórum Econômico Mundial também aborda o risco relacionado à segurança energética e afirma que potenciais interrupções de abastecimento na região podem criar tensões “e até conflitos”, enquanto considera vulnerável a rede de distribuição.

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Quanto ao consumo, menciona uma projeção de aumento de 50% da demanda em nível mundial no período entre 2005 e 2030, o que aumentará a pressão sobre os recursos existentes e faz prever que a maior parte da energia será proveniente de combustíveis fósseis. A este respeito, a principal vulnerabilidade da Europa está ligada a sua crescente dependência energética.

Calcula-se que em 2030 até 90% do petróleo e 80% do gás consumido na Europa será importado. “A vulnerabilidade das rotas de exportação que cruzam o Cáucaso em direção ao Ocidente pode gerar ainda mais conflitos e crise de abastecimento”, frisa o relatório.

Como terceiro risco, o Fórum Econômico Mundial cita o envelhecimento nos países europeus (particularmente na Itália, na Alemanha e no Reino Unido), o que resultará em um aumento da pressão fiscal para financiar a previdência e a saúde.

Acrescenta que “para equilibrar o declive da população, as economias se tornarão mais dependentes da migração” e que a reforma dos sistemas de previdência se torna mais urgente em países onde a população é mais idosa.

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