A Primavera Árabe, o movimento Occupy Wall Street, nos Estado Unidos, e os protestos nas Espanha tiveram como pano de fundo as organizações nas redes sociais. As transformações causadas pela internet, a geração que já nasceu com ela e a educação em meio às mudanças é um dos assuntos que será levado pelo coordenador do projeto Software Livre no Brasil, Marcelo Branco, ao II Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica, de hoje a 1º de junho, em Florianópolis.
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O debate Juventude, Tecnologias e Inovação é um entre muitos que serão levantados no evento gratuito, que recebeu mais de 20 mil inscrições. Nos próximos quatro dias, temas importantes à educação profissionalizante serão debatidos por educadores premiados e reconhecidos de diferentes países.
Branco, que foi diretor por três anos da Campus Party _ o principal evento de tecnologia do Brasil _ irá abordar as transformações que têm acontecido depois da internet. De acordo com ele, antes as inovações tecnológicas se davam em círculos fechados. Após a internet, elas passaram a ser distribuídas para todo o planeta, estão na rede e de maneira compartilhada.
– Como fica a educação nesse cenário e esses jovens que já nasceram com a internet nas mãos? – questiona.
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O defensor da internet livre ainda acredita que o potencial dos jovens do ensino técnico precisa ser aproveitado. Ele observa que os grandes inovadores de tecnologia estão entre os adolescentes que ainda nem chegaram à universidade.
– Escolas técnicas têm que aproveitar esse potencial inovador nativo. A maioria dos inovadores são autodidatas, e os institutos precisam estar preparados para tirar proveito disso. É estratégico para o Brasil – defende.
Para ele, as principais dificuldades para inovar nas escolas é a lei de direitos autorais brasileira, que ainda impede o livre compartilhamento de conteúdo, como livros didáticos e a barreira na relação entre professores e alunos.
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– Os jovens se relacionam pela rede, compartilham filmes, música. Isso já funciona de uma forma natural na vida delas, mas na escola não funciona. A escola ainda é bastante hierarquizada e um dos desafios é mudar esses processo – ressalta.
Ministro da educação abre o Fórum Mundial
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, estará presente no primeiro dia do evento, quando participa da conferência de abertura. Ações afirmativas, para garantir acesso aos alunos carentes, educação em tempo integral, formação de professores e trabalhadores para atuar na área estão entre os temas de discussões, que serão levantadas durante o encontro.
Ao final, um documento com propostas de ações será elaborado, para integrar a plataforma mundial de educação. Além disso, haverá atividades paralelas como mostra de inovação tecnológica e feira gastronômica, que levará pratos típicos de diferentes regiões do país. Atividades culturais também vão fazer parte do Fórum, com 150 atrações, entre apresentações de teatro, de dança e música.
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Mais demanda e mais oferta
A organização do II Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica é do do Instituto Federal de Santa Catarina (IF-SC). A primeira edição foi há dois anos, em Brasília.
Um dos motivos do evento continuar no Brasil é a expansão da educação profissional e tecnológica no país. Foi registrado crescimento de 46% nas matrículas, entre 2007 e 2010. Os dados são do Censo Escolar de 2010, que mostrou que as matrículas em cursos técnicos superaram a marca de 1,1 milhão. No ensino superior, foram registradas 680,3 mil matrículas em cursos presenciais e a distância _ o que representou entre 2007 e 2009 um aumento de 64%.
O IF-SC tem acompanhando esse crescimento. Ele aumentou de três para 19 campi nos últimos seis anos. De três mil alunos, passou para 15 mil. A reitora da instituição, Maria Clara Kaschny Schneider, observa que o crescimento não é apenas físico e estrutural, mas também qualitativo. Ela cita como exemplo o aparecimento do IF-SC como o melhor instituto federal do país, por três anos seguidos, na avaliação do Ministério da Educação.
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A educação profissional e tecnológica tem se mostrado um caminho para resolver o apagão de mão de obra em setores aquecidos da economia brasileira, como a construção civil. Além disso, o ensino técnico, quando oferecido junto ao médio, é uma das alternativas encontradas para evitar desistência de alunos, nessa etapa da educação básica, que tem as taxas mais altas de evasão, desistência e repetência. Dos 3,3 milhões de estudantes que ingressaram no primeiro ano do ensino médio em 2008, apenas 1,8 milhão concluíram o terceiro ano, em 2010. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios.
O Fórum
Onde: no CentroSul, em Florianópolis
Quando: de segunda-feira a 1º de junho
Inscrições: gratuitas (podem ser efetuadas apenas no local)
Quem pode participar: estudantes e qualquer pessoa interessada no assunto
Ônibus gratuitos
O evento deixará disponível ônibus gratuitos para levar os participantes ao Fórum. Serão feitas cinco rotas, com saídas bairro-centro e para o retorno, no sentido centro-bairro. Mesmo com a greve dos ônibus, essas linhas ficarão disponíveis, porque é um serviço contratado pelo evento.
Todas as informações estão em www.forumedutec.org
Quem vem por aí
Rosa de Jesus Soares de Bastos Nunes, Portugal
Participa amanhã da conferência Educação, Universalização e Democratização
Doutora em Ciências da Educação pela Universidade do Porto e vice-presidente do Instituto Paulo Freire de Portugal. Coordenou o projeto internacional da Unesco Formação de Professores para Escolas Inclusivas, no Norte de Portugal. Integrou a equipe do Ministério da Educação. Entre os prêmios já recebidos, estão o da Fundação António José de Almeida pela mais elevada classificação da Licenciatura em Ciências da Educação da Universidade do Porto e o Reconhecimento pelo Estado Português da Excelência do seu trabalho em Educação
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Peter Jarvis, Inglaterra
Participa amanhã da conferência Educação, Universalização e Democratização
É professor de Educação Continuada na Universidade de Surrey e professor especial da Universidade de Nottingham, ambas da Inglaterra. Foi presidente da Associação Britânica de Educação Internacional e Comparada e o primeiro não-americano a ser eleito para o Hall da Fama Internacional de Educação de Adultos e Educação Continuada, nos Estados Unidos. Recebeu diversos prêmios na Europa, no Japão e nos EUA por sua atuação como educador.
Richard Stallmann, Estados Unidos
Participa na quarta-feira, com a palestra Free Software and You Freedom
Fundador do Movimento Software Livre e responsável pelo desenvolvimento do sistema operacional GNU/Linux, Richard Stallmann é ativista pelo software livre, contra patentes e pela flexibilização das leis de direitos autorais. Com formação em Física pela Universidade de Harvard, atuou no laboratório de inteligência artificial do Massassuchetts Institute of Technology (MIT). Criou o conceito de copyleft e a licença GNU General Public License, a mais usada em softwares livres
Ubiratan D’Ambrósio, Brasil
Participa na quarta-feira da conferência Educação, Trabalho e Emancipação
Doutor em Matemática pela Universidade de São Paulo e professor emérito de matemática da Universidade Estadual de Campinas, foi diretor do Instituto de Matemática, Estatística e Ciência da Computação Pró-Reitor de Desenvolvimento Universitário da mesma universidade. É professor de pós-graduação em Educação Matemática da Universidade Bandeirantes de São Paulo (Uniban).
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Fernando Rodal, Uruguai
Participa na quinta-feira do debate Educação profissional no contexto da reestruturação produtiva
Presidente da Confederação de Educadores Americanos, atua como professor de ensino técnico-profissional na área de ciências (Física e Química). É coordenador do Fórum Iberoamericano de Educação.