Os colares com miçangas de cor vermelha e azul pendurados no pescoço realçavam ainda mais o branco do vestido usado por Luiza Moreira, ou melhor, dona Luiza Moreira. Homenageada como a praticante de Umbanda mais antiga de Santa Catarina, a simpática senhora, que está prestes a completar 100 anos, era uma das 140 pessoas presentes no primeiro Fórum Catarinense de Umbanda, promovido durante este sábado no Bloco H da Furb, em Blumenau.
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O reconhecimento dado à Luiza não veio à toa. Nascida na Sexta-feira Santa do ano de 1916, foi em uma senzala na cidade de Ilhota que Luiza aprendeu e começou a disseminar o que era ser umbandista. A idade parece ser apenas um detalhe na trajetória de Luiza, que ainda tem claro na memória como foi o começo.
Ela conta que na juventude, por não entender o que exatamente era a Umbanda, se negou a praticar e a ajudar as pessoas através da religião. Como castigo, chegou a apanhar do avô. Hoje, após 77 anos de estudo, Luiza sorri orgulhosa ao lembrar que já formou exatos 77 ‘filhos de fé’, como são chamados os aprendizes da religião.
– Só me trouxe coisas boas – diz ao resumir a experiência quase centenária.
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Dona Luiza Moreira (Foto: Gilmar de Souza/ Agência RBS)
A falta de conhecimento, que por anos distanciou Luiza da Umbanda, é o motivo pelo qual os religiosos se reuniram neste sábado. Além de conversas e troca de experiências, os praticantes aproveitaram a ocasião para debater e votar um documento que pede ao poder público o reconhecimento da prática umbandista no Estado e o incentivo do diálogo inter-religioso.
Com a escrita simples e clara, o documento, entregue a cada um dos participantes, fala sobre como a crença umbandista reconhece a pratica da caridade, a diversidade dos ritos e dos fundamentos teológicos como cerne da religião. John Bryan, que tem 21 anos e desde os 16 atua como médium, chama atenção para outro ponto que preocupa o grupo: a literatura sobre a Umbanda.
Segundo ele para que o restante das pessoas entenda o que é a religião, é preciso disseminar essa história através de publicações e permitir que todos tem acesso. Por fim, Bryan explica que, após a votação, o documento deve ser encaminhado para a Federação de Umbanda, Candomblé e Angola, a Fuca, em Jaraguá do Sul, e em seguida, para o Congresso.
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