Como um guardião que protege a entrada da baía da Babitonga, o Forte Marechal Luz está localizado aproximadamente 140 metros acima do nível do mar, no alto do morro João Dias, em São Francisco do Sul. Ele foi construído em 1915 e completa cem anos nesta segunda-feira. Apesar de ter sido desativado em 1977 como quartel de artilharia, ele ainda é um símbolo histórico e turístico da cidade, recebendo pessoas de todo o País durante o ano inteiro, além de servir como colônia de férias para militares e civis.
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A história do forte começou no início do século 20, quando a atividade portuária passou a contribuir fortemente para o desenvolvimento econômico de São Francisco do Sul. Os portos ficavam no Centro da cidade, onde havia trapiches para a chegada e saída de mercadorias. Era por ali que saíam os produtos para exportação, como madeira e erva-mate vindos do Planalto Norte do Estado, e entravam mercadorias como o trigo, proveniente da Argentina. A grande importância comercial da região e a falta de proteção foram fatores que contribuíram para a construção do forte francisquense.
– Um fator interessante é que existia uma lacuna entre o forte que fica em Paranaguá e o Forte Marechal Moura, em Florianópolis. Entre os dois lugares não existia uma fortificação de respeito, digamos assim. Além disso, no início do século 20 tem o contexto da Primeira Guerra Mundial e a intensificação do comércio na baía da Babitonga. Então, temos toda essa questão de movimentação que merecia proteção – explica Andréa de Oliveira, historiadora e coordenadora do Museu Histórico Prefeito José Schmidt.
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No alto do morro, foram instalados quatro canhões comprados do Reino Unido – dois de 120 mm e os outros de 152,4 mm – e que continuam até hoje no local. No entanto, eles nunca foram usados para ataques a embarcações, apenas para exercícios de tiro que eram realizados a alvos móveis no mar. Eram cerca de 250 militares servindo no batalhão, o equivalente ao efetivo do 62º Batalhão de Infantaria de Joinville, preparados para qualquer emergência que ocorresse. Segundo a historiadora Andréa de Oliveira, eles ainda ajudavam a cidade de outra maneira.
– Há relatos de participações do pessoal do forte, dos soldados, em eventos sociais e esportivos, desfiles cívicos ou arrumação de pontes, abertura de estradas. Eles colaboravam muito de outra forma, auxiliando a população e a Prefeitura, quando eram chamados. Para nós, eles sempre tiveram uma grande colaboração – explica.
Desativação e novos rumos
O forte funcionou até 1977, quando o Exército Brasileiro passou a investir em outras fortificações com material bélico mais avançado e desativou o Forte Marechal Luz. O local recebeu reformas e adaptações com o passar dos anos, até que na década de 90 foi transformado em uma colônia de férias, onde trabalham 50 militares para cuidar da segurança e manutenção do forte.
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– Hoje, são 48 casas e apartamentos mobiliados e equipados. Na temporada principal, é aberto para os militares, mas também recebemos civis – explica o tenente Carlos Rosimar Mulina, comandante do forte.
Na base, além dos dormitórios, também há um restaurante terceirizado para atender ao público e, no alto do morro, um museu que conta a história do forte com documentos antigos e materiais usados pelo Exército, como projéteis usados nos canhões, corretores de alcance e prancheta de tiros.
Mais informações sobre a colônia de férias e reservas podem ser obtidas pelo telefone (41) 3316-4805, na 5ª Divisão do Exército, que é responsável pela administração do forte.
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Quem foi Marechal Luz
O forte recebeu o nome em homenagem ao militar e intelectual catarinense Francisco Carlos da Luz, que nasceu na Praia Comprida, em São José (SC), no ano de 1830, e faleceu na cidade do Rio de Janeiro em 1906. Ele foi professor de matemática e deputado-geral duas vezes pela Província de Santa Catarina, de 1861 a 1864 e de 1876 a 1877.
Em 1868, foi promovido a major e, com a Guerra do Paraguai, o Exército o convocou para assumir a direção do Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro, fazendo com que se afastasse das atividades legislativas. Ainda na carreira militar, atuou também como comandante-geral de artilharia do Exército.
O QUÊ: visitação ao Forte Marechal Luz.
QUANDO: diariamente, das 8 às 18 horas (não haverá recesso no fim de ano).
ONDE: Estrada Geral do Forte, s/nº, Ubatuba, São Francisco do Sul.
QUANTO: R$ 2 por pessoa (menores de 12 anos e maiores de 60 não pagam).