A representatividade da classe política tem sido tema recorrente em tempos de crise no Brasil. De acordo com pesquisa divulgada pelo Instituto Ipsos, 6% dos eleitores se sentem representados pelos políticos em quem já votaram. Um número alarmante, que coloca em risco a nossa democracia. Como pode a população de um país onde a classe política é escolhida diretamente pelo voto não se sentir representada?
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Em um passado não muito distante, depois de 20 anos de ditadura militar, nosso país pôde vislumbrar um sistema democrático. Com o movimento Diretas Já, o Brasil deu início à construção de uma República presidencialista, que anos depois garantiu a Constituição de 88, contemplando, dentre outras coisas, a liberdade de voto, de expressão e um sistema de eleições livres. O Brasil não queria mais a ditadura, era momento de reconstruir o país através de um modelo em que todos teriam a oportunidade de escolher seus representantes através do voto. Da Constituição até aqui se passaram 29 anos.
Nesse período, vivemos uma evolução significativa no processo da informação. A internet popularizou, chegando na palma da mão. As redes sociais deram voz a todos aqueles que querem expressar opinião. A mídia tradicional se fortaleceu. A transparência na administração pública passou a ser obrigação. O cidadão brasileiro, dono do voto, passou a saber aquilo que acontece no país. E é a partir desse momento que a classe política começa a ser questionada pela maioria da população, agora mais bem informadas. De acordo com a mesma pesquisa, apenas 38% dos brasileiros acham que a democracia é o melhor regime.
É preciso, em tempos de crise, tomar cuidado. A democracia continua sendo o melhor regime para representatividade. O que precisamos é evoluir enquanto eleitores. O problema não está no regime, mas, sim, no exercício do voto. A escolha de um representante requer responsabilidade. É chegada a hora de evoluirmos o sistema político do Brasil e para isso precisamos de uma população mais consciente. A informação é o princípio básico para o fortalecimento da democracia.
*Arão Josino é jornalista
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