A disrupção requer dois elementos: o primeiro e o mais poético é a inovação. Por exemplo: um smartphone que traz toda a tecnologia de um supercomputador para a palma da mão, podendo ser acessado por toques; os práticos serviços de streaming de músicas ou de filmes; e o eficiente transporte proveniente de plataformas pensadas a partir da economia colaborativa são claros modelos de inovação. Já o segundo elemento, bem menos convincente, mas igualmente presente, é a estagnação.
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Antes da verdadeira inovação, a sociedade passa pela estagnação. No caso dos telefones: eram desajeitados, com acessos complicados, agendas precisavam ser digitadas manualmente, a usabilidade era quase inexistente; as coleções de músicas e filmes exigiam muitos gigabytes e horas e horas de trabalho para sincronização e correção de nomes e de artistas. O táxi, apesar de ainda ser a nossa única alternativa de transporte imediato em Joinville, demora dez minutos para chegar, não aceita cartão de crédito e ainda cobra uma taxa conhecida como “bandeirada”.
Com a publicidade não é diferente. Especificamente, destaco a publicidade na TV e, posteriormente, a online. Estas demonstram estar em seu vértice de estagnação. A TV, como conhecemos, surgiu há 90 anos. Só em 1955 vieram os comerciais de TV no tradicional formato de 30 segundos. Nos anos de 1970, consolidou-se como eficiente plataforma de comunicação, com ênfase na explosão da cena criativa em torno deste formato comercial.
Percebe-se a real estagnação do modelo quando abrimos qualquer portal ou site numa internet poluída de comunicação invasiva. Para quem ainda não usa os já consolidados bloqueadores de propaganda online, que aliás, crescem vertiginosamente – já são mais de 90 milhões de usuários, segundo o Venture Beat – a tela parece um espelho dos filmes trash. Para cada conteúdo acessado, há a obrigação de audiência em um comercial de formato igual ao do início da programação televisiva.
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Se tentarmos identificar onde a publicidade online situa-se hoje, dentro da fórmula de estagnação + inovação = disrupção, podemos afirmar que ainda estamos nos estágios iniciais de inovação.
No entanto, ainda podemos confiar que esta inovação será talhada para um formato que vai atingir um equilíbrio imparcial entre as partes interessadas. É inevitável a redistribuição de força entre os players do negócio, mas como a maioria dos momentos de disrupção na história da tecnologia, ainda teremos muito para discutir. O que não dá é deixar de acreditar que teremos uma atmosfera onde a criação, o conteúdo e o consumo de mídia possam coexistir em um ambiente que beneficie todos.