Hoje completa um ano que os meninos do Forfun lançaram seu primeiro DVD, o Ao Vivo no Circo Voador. O lugar foi escolhido pela vibe e histórico de abrigar grandes shows da música brasileira. Por coincidência, eles vão comemorar o marco em um lugar com características parecidas. Floripa vai receber os caras amanhã para o último show do ano e promete não deixar a festa passar em branco.
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Parece curioso que um grupo de hardcore punk com influências de bandas californianas, como Offspring, possa se transformar e assumir uma pegada praiana, como o Sublime. O último trabalho do quarteto, o EP Solto, mostra que eles estão diferentes, mas também mais autorais. A faixa Malícia, com participação do Helinho Bentes (da regueira Ponto de Equilíbrio), revela uma banda mais à vontade com sua nacionalidade.
E os fãs com certeza aprovaram essa nova fase, já que eles financiaram do próprio bolso a gravação do primeiro DVD. O resultado foi um show com mais de uma hora, que está completamente disponibilizado na página da banda (forfun.art.br) e conta com cerca de 381 mil visualizações. Se 2013 foi marcado por esse lançamento, ano que vem a meta é gravar um novo álbum, o quarto do grupo, com a mesma pegada do EP.
Entrevista com Vitor Isensee, vocalista do Forfun
Eu fui a um show de vocês em 2006 no Rio e me surpreendi com o rumo que a banda tomou. Como vocês chegaram até aqui?
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Esse show foi justamente quando a gente estava lançando nosso primeiro disco, o Teoria Dinâmica Gastativa (2005). Ele foi produzido pelo Liminha, que é um produtor bem conhecido no Brasil. Trabalhou com gente muito importante, como Titãs, Paralamas, Gilberto Gil. E foi ele apostou primeiro no Forfun e produziu esse disco. A gente estava ali na casa do 20 anos, saindo da adolescência, começando a entrar na idade adulta e essas músicas todas tinham sido compostas justamente numa época que a gente tinha entre 17 e 18 anos. E acho que elas refletiam justamente essa fase. O Teoria… é um disco muito sincero e, ao mesmo tempo, refletia muito a idade que a gente tinha na época. Ele é praticamente todo baseado no punk rock e hardcore. Aí depois em 2008, três anos depois, quando a gente partiu para o segundo trabalho foi um momento que a gente deu uma guinada na carreira da banda. Conceitualmente, porque foi o momento que a gente gravou disco novo e se permitiu experimentar ritmos. A gente começou a tocar muita coisa de reggae, muita coisa de música latina, até mesmo de música eletrônica. A gente trouxe essas influências pro nosso som e aí quando a gente lançou o segundo disco, o Polisenso (2008), ele já era muito mais uma miscelânea de ritmos e de influências. Não era uma coisa tão reta quanto era o Teoria… As temáticas das letras mudaram bastante. A gente passou a falar sobre vários assuntos que a gente não falava antes. As questões sociais, políticas, até mesmo espiritualidade foram questões que entraram nos temas. Isso foi tudo foi momento de transição até um pouco abrupta de passar do primeiro para o segundo disco. Foi um momento que a gente não sabia muito bem como o público ia receber, mas para nossa felicidade muito do público que já conhecia a banda continuou acompanhando, evoluindo junto. Como também o público que nem ouvia a gente passou a ouvir. E aí com o terceiro disco, de 2010, o Alegria Compartilhada, ele é uma confirmação desse momento mais eclético da banda, de estar aberto a muitas influências. Foi um disco produzido pelo Daniel Ganjaman, produtor bem conhecido, que trabalhou com Criolo, Nação Zumbi e muita gente boa. Diferente do Liminha, que foi nosso primeiro produtor, Ganjaman é um cara um pouco mais novo, mas é tão talentoso quanto. A gente fica contente de saber que temos três discos lançados e em dois deles trabalhamos com produtores que são renomados no Brasil. O Polisenso a gente mesmo produziu. Essa mudança toda, se a gente for pegar o que era o Forfun do início da carreira e hoje em dia, é fruto do tempo mesmo, de tudo o que a gente foi absorvendo. E tanto o Forfun do começo quanto o de hoje é tão Forfun quanto qualquer um. A gente sempre fez música com sinceridade, o som que a gente estava realmente afim de mostrar e de tocar. Então, essa transformação toda ela é fruto das vivências da gente não só como músico, mas como pessoa. E aí agora no começo de 2013, a gente lançou nosso primeiro DVD ao vivo, gravado no Circo Voador, gravado no fim de 2012, que ele faz um apanhado dessa história toda, esses 12 anos de carreira, esses três discos. O DVD vem para mostrar ao vivo o que é um pouco dessa história.
De que forma essas vivências foram incorporadas no som de vocês?
Sendo um pouco filósofo, eu acho que a intenção é sair da vida um pouquinho melhor do que a gente entrou. Pelo menos, um pouquinho mais sábio. Então, essas experiências todas sejam elas as que venham com a vida adulta, sejam as que vem com a crise de meia idade, tudo isso, tanto as alegrias quanto as tristezas, as derrotas e as vitórias, a gente tem que tentar assimilar o que há de aprendizado nessa história toda. Quando a gente vai fazer música, e acho que vale para qualquer artista, e a gente é sincero, a gente está expressando alguma angústia ou felicidade que a gente vivencia, você está passando aquilo à frente. Quando a gente casa, ou tem um filho… Eu recentemente casei, isso com certeza é uma coisa que muda a vida completamente. Como transforma você perder um parente, ingressar em uma carreira nova. Essas experiências que qualquer ser humano experimenta, a vida é isso, elas são engrandecedoras. Então, acho que no som do Forfun a gente tenta ser de alguma forma cronistas das nossas vidas. A gente vai vivendo as coisas e vai transformando isso em música e passando isso adiante. Um dos motivos que muita faz muita gente se identificar com o que a gente escreve e toca seria esse. A gente está relatando o que a gente vive, e isso não é muito diferente do que as pessoas vivem.
Sexta faz um ano que vocês gravam o DVD, e de repente vocês estão aqui nessa data, fazendo o último show do ano em Floripa em um ano que vocês passaram pelo Planeta Atlântida e o Viradão Carioca. Vocês pensaram alguma coisa para festejar as datas?
Eu acho que esse show não tem como não ser uma comemoração. Esse lance de um ano de gravação do DVD é mais um motivo pra comemorar. Tem muitos motivos para estarmos comemorando. Primeiro, o lançamento desse DVD em Florianópolis. A gente tocou em Urussanga, perto de Criciúma, mas até hoje não fizemos um show do DVD em Florianópolis. Essa é a primeira vez que estamos indo com o DVD à Florianópolis. Além desse motivo, e de comemoração de um ano, é o último show do ano. E se não bastasse isso tudo, Floripa é demais. É um lugar que a gente adora ir para tocar ou passear. Fechando um ano muito bom, com o lançamento desse DVD e tantos festivais legais que a gente tocou, tanta coisa legal aconteceu esse ano. A gente fez muito show pelo Brasil inteiro: no Nordeste, no Rio, em São Paulo, no Sul. Acho que fechar o ano em Florianópolis para gente é meio chave de ouro. Inclusive, o Danilo (guitarra) e o Nicolas (baterista), eles nem voltam porque vão passar o Ano Novo na guarda. Eu também vou passar uns dias aí para dar uma surfada em Floripa. A gente gosta muito daí. Só o fato de estar aí já é um motivo para comemorar.
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Então vocês já estão se programando para fazer coisas aqui na Ilha, além do show?
Sim. Eu fico só dois dias a mais com Alexandre, que é o produtor da banda. O Danilo e o Nicolas ficam por aí para curtir o Réveillon na Guarda. Outro detalhe legal é que nesse show vai rolar a apresentação do Teco Padaratz com sua banda, 5’11”. Além do som, é um cara que a gente respeita muito ele como atleta e surfista profissional. É mais um motivo de comemoração estar junto com essa galera.
Essa é a primeira vez de vocês em Florianópolis?
Não. A gente já tocou, mas com o DVD é a primeira vez. Entre um cd e outro tem tido uma pausa de 3 e 4 anos, e ano que vem completa três anos que vocês lançaram o último.
A gente já pode esperar um novo álbum para o ano que vem?
Sim. A gente inclusive está trabalhando bastante nisso. Agora mesmo estou indo para o ensaio. Estamos há quase dois meses tocando as músicas novas e já tem um material bem encaminhado. O disco já tem uma cara e a nossa previsão é entrar em estúdio em fevereiro para lançar o próximo disco em meados de maio. Vai depender um pouco do andamento do processo, não tem como ter um cronograma muito exato. A ideia é lançar antes da Copa, porque no mês da Copa só vai se falar de futebol. A gente aproveitou o lançamento do DVD para lançar junto três músicas inéditas em um EP, o Solto. Essas três músicas são o que a gente tem de mais novo e que já mostra um pouco do que vai ser esse próximo disco. Não tem nome ainda, mas para quem quiser saber um pouco do que vem por aí, para onde estamos caminhando, essas músicas mostram bastante isso.
Como surgiu a ideia do crowdfunding?
Vocês planejam fazer mais projetos dessa forma? A ideia surgiu do nosso empresário, o Marcos Sketch. Ele é um grande amigo e nosso quinto elemento. Ele é um cara muito ligado nessas novidades de tecnologia e de mercado. É um cara que sempre está se atualizando com relação a isso tudo. Quando o crowdfunding começou a ganhar muita força no mercado americano e depois aqui no Brasil, que tem muitas plataformas legais, o Sketch começou a martelar para gente que a gente tinha que gravar um DVD dessa forma. A gente realmente pode fazer a história acontecer sem ficar dependendo de ninguém e de conseguir juntar uma grana antes, porque realmente a gente não tinha essa grana em caixa pra gravar esse DVD, são muitos custos não só de produção mas de pós-produção. A questão toda envolve uma grana que a gente não tinha. Quando a gente viu que o crowdfunding era uma realidade viável, a gente falou “É isso! Vamos ver se o público vai fechar junto e comprar a ideia”. A gente deu muita sorte, porque existe um público do Forfun que é muito fiel e justamente essa galera que comprou a história mesmo e a gente conseguiu arrecadar toda a meta, que não era pouco, era R4 160 mil. A gente conseguiu bater a meta, chegamos a R$ 187 mil, que até hoje é um recorde de crowdfunding musical no Brasil. A gente tem planos de fazer esse financiamento de novo, temos projetos que a gente quer realizar e que talvez com o crowdfunding seja possível. Há pouco tempo atrás dizia-se que era uma ferramenta do futuro. Eu acho que já do presente.
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Quais as metas da banda para 2014?
Boa pergunta! Quando chega o fim de ano a gente começa a pensar em metas do ano que vem. A gente está bem focado nessa história do disco novo. A princípio, o grande objetivo de 2014 é lançar esse disco e a partir daí continuar tocando e fazendo muito show. A gente tem um objetivo que toda vez que a gente se reúne para falar de estratégia a gente conversa que é justamente é aumentar mais ainda a nossa área de alcance. A gente é bem contente de tocar pelo Brasil inteiro, a gente toca de Manaus a Porto Alegre. E a gente tem uma vontade de extrapolar o Brasil, que é começar a tocar fora. Não só o Brasil tá muito em voga, mas também a cultura brasileira. O Rio é uma cidade que rola muito esse intercâmbio porque tem muito gringo aqui. A música brasileira é um lance admirado no mundo inteiro. Então, porque não mostrar o que existe da música brasileira atual também. Modéstia parte, o Forfun é uma das coisas que estão sendo feitas em termos de som de hoje em dia. Um dos objetivos que a gente tem é começar a tocar fora do país.
Agende-se
O quê: show da Forfun
Quando: amanhã, às 22h
Onde: Life Club
Quanto: R$ 70 e R$ 35 (meia) _ valores de pista 3º lote e sujeitos a alteração
Onde comprar: www.blueticket.com.br ?