Jaraguá do Sul é conhecida por sua forte indústria e ocupa a sexta posição entre as cidades catarinenses em relação ao produto interno bruto (PIB) per capita, de acordo com os últimos dados divulgados pela Secretaria de Estado da Fazenda. No entanto, uma parcela da população ainda precisa do Programa Bolsa-família para sobreviver.
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No último mês, 295 famílias foram selecionadas de uma única vez para receber o benefício. A coordenadora do programa de transferência de renda em Jaraguá do Sul, Viviane Domingos, explica que o número é significativo, pois o governo federal está checando os cadastros e cortando as famílias que já saíram do perfil de baixa renda.
– Em Jaraguá, tivemos um corte de 40% de cadastros (pessoas que não precisam mais do benefício). A Secretaria de Assistência Social tem feito uma força-tarefa para cadastrar famílias que se enquadrem no perfil do programa e que precisem desse auxílio para melhorar de vida. E conseguimos cadastrar essas famílias, pois normalmente era uma ou três por mês – destaca.
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Em Jaraguá do Sul, 2.421 famílias têm o perfil para receber o benefício e estão cadastradas no sistema. Deste total, 1.795 famílias estão habilitadas a receber o Bolsa-família. Viviane explica que o governo federal repassa verba conforme os dados do último censo. Nos dados do IBGE de 2010, são 1.751 famílias em situação de vulnerabilidade social, mas o programa contempla mais 44 famílias por causa do alto número de cadastros e perfis compatíveis.
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Segundo Viviane, é feita toda uma triagem para o contemplado fazer parte do Bolsa-família. Além de receber o auxílio, a família tem obrigações com o governo, como manter filhos na escola e na pesagem adequada das crianças, frequentar os grupos do Bolsa-família e refazer o cadastramento comprovando a necessidade de receber o benefício.
– As famílias têm a consciência que o Bolsa-família é algo temporário. Temos casos de desligamento voluntário, em que elas melhoraram de condição e hoje estão sobrevivendo sem ajuda do programa federal – destaca Viviane.
“O programa é a salvação”
Há anos, a família de Cristiane Maria Moreira Pinto Torres Martins precisou recorrer ao Bolsa-família para sobreviver a um período turbulento. Cristiane caiu no serviço e, ao fazer os exames, descobriu uma doença degenerativa nos joelhos. Enquanto isso, o marido, Edmilton Martins, descobriu que tinha um nódulo no fígado e ficou desempregado. O casal sustentava duas crianças e dois adolescentes, sendo que a mais velha ficou grávida.
– Foi um período bem difícil. Meu salário ficou bem reduzido e ele ia para o aluguel e contas da casa. Depois, vieram os remédios. O benefício fez a diferença – conta.
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Cristiane afirma que o Centro de Referência de Assistência Social do bairro Ilha da Figueira, foi como uma segunda família, pois ajudou a sua. Hoje, eles ainda precisam do benefício, pois ela continua afastada do emprego por causa de complicações da doença, mas o marido finalmente encontrou um trabalho. Mesmo assim, conseguiram um apartamento do Programa Minha Casa, Minha Vida e saíram do aluguel.
– Hoje, pagamos o apartamento e o condomínio. Sei de famílias que precisam e enfrentam mais dificuldades que a minha, mas o programa é a salvação – conta.
Entenda como o valor é distribuído
Para receber o benefício, cada membro da família deve sobreviver sem renda ou ter um valor entre R$ 77 e R$ 154 mensais. As prioridades são moradores de rua, indígenas, quilombolas e pessoas em vulnerabilidade social. No cálculo do programa, a família contemplada recebe um auxílio de R$ 77, podendo acumular cinco benefícios para crianças de zero a 16 anos incompletos, gestantes ou nutrizes (mães que amamentam).
O valor de cada benefício é de R$ 35 por mês, chegando a R$ 175. Se tiver adolescentes de 16 a 17 anos, a família pode receber até dois créditos de R$ 42 por mês, chegando a R$ 84. Uma família que ganha todos os benefícios do programa recebe R$ 336.
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– Mesmo com o benefício, há família em que os membros sobrevivem com menos de R$ 77 por pessoa. Por isso, existe o Brasil Carinhoso, do governo federal, que é um complemento de renda que chega a esse valor, e o Santa Renda, de Santa Catarina, que dá R$ 3 para atingir R$ 80 por pessoa – explica Viviane.