A partir deste sábado, 16 de junho, os moradores da zona rural de Joinville e de outras cidades das regiões Norte e Nordeste de Santa Catarina se tornarão o foco da vacinação contra a febre amarela. É o primeiro movimento em formato de força-tarefa que ocorre no Estado para assegurar que o vírus seja barrado ao chegar ao Sul do País. Desde janeiro, as unidades de saúde já estavam equipadas para vacinar crianças de nove a dez meses e pessoas que viajariam para zonas de risco. Agora, a intenção é imunizar uma parcela da população de cada cidade, com o público prioritário estendido dos bebês de nove meses aos adultos de até 59 anos, em um número que chega a 14 mil pessoas em Joinville.
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– Há uma tendência que mostra que o vírus está migrando do Oeste do País para o Leste e para as regiões litorâneas, e que ele pode chegar a Santa Catarina até o fim do ano. É uma mudança ecológica, o mosquito vai atrás de outras formas de se alimentar e parte para este corredor ecológico formado por estas regiões – explica a enfermeira Georgia Cani, do setor de imunização da Vigilância Epidemiológica de Joinville.
A campanha contra a febre amarela tem seu Dia D na manhã deste sábado, quando as unidades de saúde dos bairros da área rural estarão abertos entre as 8 horas e o meio-dia exclusivamente para a vacinação. Ela é a primeira estratégia para atingir 100% de cobertura da imunização. A partir de segunda-feira, os agentes de saúde farão um levantamento dos moradores cadastrados nas unidades de saúde da família (UBSF) e todas as casas serão visitadas para que ocorra a aplicação da vacina. Esta ação durará três semanas (de 18 de junho a 6 de julho) e se, ao final, a meta não for atingida, serão montados pontos de vacinação em escolas das regiões para atender às crianças e aos adolescentes.
– Pela prévia que já tivemos nas unidades de saúde desde que a vacina foi disponibilizada, a expectativa é muito boa. As pessoas já estavam procurando porque a febre amarela é uma doença que assusta – analisa Georgia.
A febre amarela é uma doença hemorrágica viral aguda transmitida por mosquitos infectados, que picam primatas e humanos. Os vetores que comprovadamente transportam o vírus e o transmitem são do gênero Haemagogus e Sabethes, que são insetos de hábitos diurnos, que vivem em serras e cerrados, nas copas das árvores e próximos ao solo. Por isso, o surto cíclico presente no Brasil atualmente é o da febre amarela silvestre, o que leva o Ministério da Saúde a recomendar a prioridade para imunização de quem vive perto de matas e das áreas rurais.
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O mosquito Aedes aegypti também é vetor da febre amarela urbana, mas ela não tem surtos registrados no Brasil desde 1942. A coordenadora da Vigilância Ambiental, Nicoli dos Anjos, chama atenção para manter os cuidados para eliminar criadouros do Aedes aegypti, já que ele é transmissor da dengue, do zika e da chikungunya e que, no caso da febre amarela silvestre, o controle é baseado, principalmente, na imunização.
– Também fazemos acompanhamento da morte de primatas, que precisam ter a causa investigada em tempo hábil para o caso de estarem contaminados. Até agora, em Joinville, foram encontrados dois, mas ainda não obtivemos o resultado – informa Nicoli, salientando que os exames foram enviados para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Nesta primeira etapa, estão programadas ações de vacinação para as áreas rurais de Joinville, Campo Alegre, São Bento do Sul, Rio Negrinho, Mafra, Garuva, Itapoá, Porto União, Irineópolis, Canoinhas e Três Barras. A partir do segundo semestre, a campanha de vacinação será estendida para a população urbana destes municípios e para outras 30 cidades de Santa Catarina. A intenção é vacinar 4 milhões de catarinenses.
Contraindicação
A campanha de vacinação não inclui crianças com menos de nove meses e pessoas com mais de 60 anos, mas os idosos podem buscar as unidades de saúde para fazer a imunização. Eles só precisam passar por uma avaliação médica antes da aplicação da vacina, da mesma forma que gestantes e pacientes que terminaram recentemente tratamento com quimioterapia ou que fazem uso de corticoides. Como a vacina tem parte do vírus atenuado (vivo, porém sem capacidade de produzir a doença), algumas reações podem ser registradas.
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Os efeitos mais comuns (ocorrem em até 5% dos vacinados) são leves, como dores de cabeça, mal-estar e febre, mas há possibilidade de o vírus ser revertido em reações graves, que incluem até a própria doença. Ainda que as chances de causar serem pequenas, há um grupo de pessoas que não pode tomar (veja no quadro) ou precisam passar por consulta prévia.
– São poucos os relatos de reações mais intensas, com taxa de 0,3 para cada 100 mil pessoas – assegura Georgia.
Quem não pode ser vacinado:
Crianças menores de nove meses.
Mulheres amamentando bebês menores de seis meses.
Alérgicos ao ovo.
Pessoas que vivem com HIV.
Pacientes em tratamento com quimioterapia ou radioterapia.
Portadores de doenças autoimunes.
Quem deve passar por avaliação antes de ser vacinado:
Idosos.
Pessoas que terminaram tratamento com quimioterapia.
Gestantes.
Pacientes em uso de corticoides.
Confira os locais de vacinação que estarão abertos neste sábado em Joinville:
UBS Vila Nova
UBSF Canela
UBSF Cubatão
UBSF Estevao de Matos
UBSF Estrada Anaburgo
UBSF Itinga
UBSF Jardim Paraíso III
UBSF Jardim Paraíso IV
UBSF Jardim Sofia
UBSF Morro do Amaral
UBSF Morro do Meio
UBSF Profipo
UBSF Rio Bonito
UBSF Vila Nova Rural
UBSF Pirabeiraba
UBSF Rio da Prata
Para verificar o endereço de cada unidade de saúde, acesse a página da Prefeitura de Joinville.