O táxi 0309 que o motorista Robson Tiago Andrade, 30 anos, dirigia ao ser assaltado e depois assassinado a facadas na madrugada de sábado (1º) foi periciado neste domingo à tarde, em Florianópolis. A Delegacia de Homicídios assumiu o caso com apoio de policiais de diversas unidades da Grande Florianópolis. A primeira pessoa a socorrer a vítima deu depoimento.

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Um dos mais experientes peritos de local de crime de Santa Catarina, com mais de 26 anos de experiência, saiu de sua folga para atuar no exame pericial do Pálio Weekend onde Robson foi atacado. O perito que prefere não se identificar trabalhou com outro colega durante horas neste domingo. Os dois coletaram vestígios para determinar a autoria e a dinâmica do crime.

Este é um trabalho de paciência. Se não tiver paciência, não pega ninguém – disse o experiente perito, enquanto checava alguns vestígios.

Há indícios preliminares de que os autores tenham revirado os objetos da vítima em busca de algo de valor mesmo depois do ataque. De acordo com colegas de ponto, Robson já teria guardado o dinheiro das corridas daquele dia e por isso estava com quase nada quando foi atacado. Robson havia trabalhado o dia inteiro e como tinha uma corrida perto de casa, foi tomar banho antes de sair novamente. Ele teria reagido ao assalto e sofreu mais de sete golpes de faca.

Enquanto a perícia era feita, diversos policiais civis estavam na rua, colhendo e confrontando informações para descobrir a identidade do assassino e do co-autor do crime. Todos liderados pelo titular da Delegacia de Homicídios, delegado Ênio Matos, que também deixou sua folga.

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Menos de 40 horas depois da execução que chocou a categoria dos taxistas, a Polícia Civil já tinha um primeiro suspeito, de acordo com investigadores que atuam no caso. O suspeito é um homem que já esteve preso e com assaltos no currículo.

A perícia ocorreu na 4a DP da Capital, em Coqueiros. Foi ali que o delegado Ênio pegou o depoimento da primeira pessoa que chegou no local do crime, um taxista, colega da vítima e que por segurança não será identificado.

Quando o taxista chegou, pouco depois das 3h, Robson estava caído a um metro e meio do táxi. As duas portas do lado do carona e a do motorista estavam abertas.

– Ele estava com um rasgo violento no braço e cortes na mão direita. Estava consciente. Levantou o braço para ver se os dedos mexiam – contou o colega da vítima.

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Robson havia perdido muito sangue. Seu colega disse à ele que o socorro estava a caminho.

– Pede para vir com pressa – falou Robson, sempre deitado no chão.

Quando o Samu chegou, tirou a camisa da vítima e viu perfuração de faca no tórax e nas costas. De acordo com o colega taxista, Robson recebeu oxigênio e ainda estava consciente, conversou com os médicos do Samu, que o encaminharam ao Hospital Celso Ramos porque acharam que ele precisaria de cirurgia pela gravidade dos ferimentos. Ele morreu no HCR por volta das 7h.

O colega de Robson encontrou a chave do táxi caída no banco de trás, uma aliança de prata grossa toda ensanguentada e um relógio grande arrebentado. A princípio, o relógio seria do autor do crime e também estava no chão, o que indica luta corporal. Uma testemunha teria visto um casal deixando o local e atravessando a Via Expressa em direção à Vila Aparecida. A mulher seria um travesti, mas a polícia negou a informação.

– Acredito que ele reagiu ao assalto. Tenho 33 anos de praça e sofri três assaltos. Nunca levei tapa na cara porque não reagi – falou o taxista que socorreu Robson.

No ponto de táxi onde a vítima trabalhava, no Centro de Florianópolis, os taxistas estavam revoltados.

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– Sorte dos assassinos se a polícia pegar eles antes de nós -.

Robson Tiago Andrade, 30 anos, era filho de um policial civil e deixou uma filha de 12 anos.