O primeiro turno das eleições em 2022 mostrou um fortalecimento do bolsonarismo no país. O PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, foi o que garantiu o maior número de cadeiras na Câmara de Deputados e no Senado — algo que para especialistas é visto como uma espécie de “vitória” do atual mandatário e deve refletir na corrida presidencial para o segundo turno. 

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Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o PL terminou o primeiro turno com a maior bancada da Câmara dos Deputados: 98 eleitos – seis em Santa Catarina. O número representa 19,18% do legislativo federal. Já no Senado, 14 cadeiras serão ocupadas pela sigla – cinco a mais do que em relação à última formação. 

No caso dos Estados, o partido emplacou o governador Claúdio Castro (PL) no Rio de Janeiro, reeleito em primeiro turno. A sigla ainda disputa segundo turno em quatro estados: Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rondônia e Espírito Santo. 

Também há aliados do bolsonarismo que garantiram a candidatura ou o segundo turno das eleições, como é o caso de Ratinho Júnior (PSD), reeleito no Paraná, e Tarcísio de Freitas (Republicanos), que disputa segundo turno em São Paulo com Fernando Haddad (PT). 

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Outro ponto que demonstra a força do bolsonarismo neste primeiro turno é o número de ex-ministros do governo Bolsonaro eleitos para cargos no legislativo. No Distrito Federal, por exemplo, a ex-ministra dos Direitos Humanos, da Mulher e da Família Damares Alves levou a vaga do Senado. Assim como Marcos Pontes (SP), que também foi ministro do presidente e garantiu uma vaga. 

O ex-secretário Jorge Seif – considerado o filho 06 de Bolsonaro – também foi eleitot senador com mais de 1,4 milhões dos votos em Santa Catarina.

Para o professor de administração pública da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e pesquisador em cultura política. Daniel Pinheiro, o resultado fortaceleceu o presidente Bolsonaro. 

— Havia a perspectiva de um enfraquecimento de Bolsonaro por causa de todas as polêmicas. Mas foi um resultado que o fortaleceu. Se ele ganhar [no segundo turno], ele vai ter mais força. Agora se o Lula ganhar, vai encontrar um cenário mais hostil. Outra coisa é que muitos davam a eleição como disputada entre dois candidatos e não se debatia o legislativo, e daí, esse desenho — avalia. 

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Já Tiago Pinheiro, que é cientista político e professor na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), aponta que a onda do antipetismo também contribuiu para os números. 

— Os dados mostram uma forte manifestação antipetista e isso apareceu principalmente em disputas estaduais. Ainda existe uma manifestação contrária ao ex-presidente Lula. Apesar dos problemas, que alguns reconheceram no atual governo, eles optaram pelo atual presidente e pelos seus aliados — pontua. 

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“Brasileiro sempre teve o viés conservador” 

Para lideranças bolsonaristas em Santa Catarina, o resultado foi melhor do que o esperado. Presidente do partido e candidato pelo PL ao governo do Estado, Jorginho Mello, creditou as eleições conquitadas a um trabalho que vêm sendo desenhado há quatro anos. 

— Isso é o resultado de um trabalho com muita seriedade. Desde que me elegi senador, eu construi um projeto para ser governador e nesse projeto o partido é fundamental. Fui fortalecendo a sigla para criar musculatura, e o resultado esta aí — salienta. 

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Apesar disso, o senador afirma que o partido não “ficou na aba do presidente Bolsonaro”, mas sim que foi um resultado construído ao longo do tempo. 

Já para a deputada federal Carol de Toni (PL), que foi a mais votada em Santa Catarina com 227.632 votos, o resultado em nível federal aponta que o país é conservador. 

— Eu avalio que o povo brasileiro sempre teve um viés conservador, mas não tinha como expressar esses valores, e o presidente Bolsonaro foi a liderança política que pode regimentar esse sentimento […]. O Bolsonaro trouxe o patriotismo de volta, e percebemos que isso se refletiu nas urnas, mostrando que o povo brasileiro é conservador — diz. 

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Candidaturas dão fôlego para o 2º turno 

Além do crescimento da bancada, o cenário também traz um fôlego para a candidatura de Bolsonaro no segundo turno. O presidente, que tenta a reeleição, terminou a primeira etapa com 43,20% dos votos, enquanto Lula teve 48,43% da preferência dos eleitores.

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— Aqueles que foram eleitos vão para o segundo turno fortes para mostrar esse fôlego. Ambos têm chances de ganhar e têm as suas forças, como o Bolsonaro no Sul e o Lula no Nordeste — salienta o pesquisador Daniel Pinheiro. 

Ele diz, ainda, que os candidatos também terão outro desafio no segundo turno que é convencer o eleitor a votar nas eleições. Só no primeiro turno, a abstenção no país foi de 20,89%.

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Já para Lula, segundo o especialista Tiago Borges, a hostilidade da composição do Congresso pode ser um problema para a governabilidade nos próximos quatro anos, caso ele seja eleito. 

— Principalmente no Senado, ele vai ter um Congresso mais hostil em um primeiro momento e vai demandar de muita negociação, o que é um grande ponto de vitória de pessoas ligadas ao bolsonarismo — conclui. 

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