O pai de Juliana Leite Rangel, jovem baleada na cabeça pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), no Rio de Janeiro, disse que o carro da família foi alvo de mais de 30 tiros. Alexandre Rangel, de 53 anos, contou que ele, a esposa e os dois filhos estavam indo passar a ceia de Natal na casa de outra filha quando os disparos aconteceram. As informações são do O Globo

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— A gente foi passar o Natal na casa da minha outra filha. Estávamos com a ceia toda no carro. Olhei pelo retrovisor, vi o carro da polícia e até dei seta para eles passarem, mas eles não ultrapassaram. Aí começaram a atirar, e falei para os meus filhos deitarem no assoalho do carro. Eu também me abaixei, sem enxergar nada à frente, e fui tentando encostar. O primeiro tiro acertou nela. Quando paramos, pedi para o meu filho descer do carro, então olhei para Juliana: ela estava desacordada, toda ensanguentada, tinha perdido muito sangue. Eles chegaram atirando como se eu fosse um bandido. Foram mais de 30 tiros — falou. 

Agentes da PRF admitem erro e reconhecem que atiraram em jovem de 26 anos

Alexandre, que foi atingido nos dedos, conta que os vidros dianteiros do carro estavam abertos. Ele chegou a pensar que toda família iria morrer. 

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— Meu Natal acabou ali. Eles nem me abordaram, só atiraram. Meu dedo está com o osso todo exposto. Se tivessem nos abordado, com certeza teríamos parado. A janela dianteira do carro estava aberta, mas o vidro é escuro. Naquele momento, só pensava que era o nosso fim. Depois, só pedia para não deixarem minha filha morrer. Creio e estou rezando para que ela saia dessa — desabafou.

Em nota, a Prefeitura de Duque de Caxias, através da Secretaria Municipal de Saúde e direção do Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes, informou que “a paciente, que foi atingida por arma de fogo (PAF) em crânio, foi entubada e encaminhada diretamente para o centro cirúrgico, onde passou por procedimento, sem intercorrências. No momento, seu quadro de saúde é gravíssimo”.

A mãe de Juliana, Dayse Rangel, falou que os agentes demoraram para fazer o atendiemento da jovem.

— Eles não socorreram ela. Quando eu olhei eles estavam deitado no chão batendo no chão com a mão na cabeça. E eu falei: “não vão socorrer não?” — questionou a mãe.

Veja as fotos de Juliana

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Agentes foram afastados do cargo

A equipe da PRF envolvida no caso, composta por uma mulher e dois homens, foi afastada do cargo nesta quarta-feira (25).

Conforme Vitor Almada, superintendente da PRF no Rio de Janeiro, os agentes costumam trabalhar no serviço administrativo e estavam fazendo patrulhamento em escala de plantão de Natal. Os policiais usavam dois fuzis e uma pistola automática. As armas foram apreendidas para perícia.

Em depoimento, os agentes informaram que ouviram disparos quando se aproximaram do carro da família de Juliana. Os policiais deduziram que os tiros vinham do veículo em que a jovem estava, mas depois descobriram que tinham cometido um grave equívoco.

Em nota, a PRF disse que determinou a abertura de um procedimento interno relacionado ao caso e informou o afastamento dos agentes envolvidos (veja abaixo). A PF também se manifestou e disse que um inquérito foi instaurado para apurar a situação.

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Nota da PRF

“Na manhã desta quarta-feira (25), a Corregedoria-Geral da Polícia Rodoviária Federal, em Brasília/DF, determinou abertura de procedimento interno para apuração dos fatos relacionados à ocorrência da noite de ontem, na BR-040, em Duque de Caxias/RJ. Os agentes envolvidos foram afastados preventivamente de todas as atividades operacionais.

A PRF lamenta profundamente o episódio. Por determinação da Direção-Geral, a Coordenação-Geral de Direitos Humanos acompanha a situação e presta assistência à família da jovem Juliana.

Por fim, a PRF colabora com a Polícia Federal no fornecimento de informações que auxiliem nas investigações do caso”. 

Nota da PF

“A Polícia Federal instaurou inquérito para apurar os fatos relacionados à ocorrência registrada na noite desta terça-feira (24/12), no Rio de Janeiro, envolvendo policiais rodoviários federais.

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Após ser acionada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), uma equipe da Polícia Federal esteve no local para realizar as medidas iniciais, que incluíram a perícia do local, a coleta de depoimentos dos policiais rodoviários federais e das vítimas, além da apreensão das armas para análise pela perícia técnica criminal”. 

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