Foi preso no Rio Grande do Sul nesta quarta-feira (14) o homem que confessou ter matado a companheira Lúcia Schultz, 59, em Itapema, no Litoral Norte de Santa Catarina, em março do ano passado. Ele estava foragido desde setembro, quando um novo mandado de prisão foi expedido pela Justiça.
Continua depois da publicidade
> Receba todas as notícias do Vale do Itajaí no seu WhatsApp. Clique aqui.
Ireno Nelson Pretzel, 65 anos, estava em Charqueadas/RS, na casa da nova namorada, que conheceu pela internet no final do ano passado. O delegado responsável pela detenção no começo desta tarde, Marco Schalmes, conta que a mulher, de 63 anos, não sabia do crime cometido pelo parceiro, duvidou dos policiais e ficou em choque.
— Eles estavam na cozinha preparando o almoço. Tive que mostrar uma reportagem sobre o caso para ela acreditar. Ele não se surpreendeu com nossa chegada, não reclamou, não resistiu. Agiu naturalmente — detalha o delegado.
Ireno conheceu a nova parceira por um aplicativo de namoro, deixou Santa Catarina em dezembro e foi morar com ela, que é aposentada. A Polícia Civil catarinense, com pistas de que ele havia se mudado para Charqueadas, fez contato com a equipe gaúcha, que averiguou as suspeitas e localizou o foragido.
Continua depois da publicidade
O crime
A prisão ocorreu há pouco mais de um ano depois do feminicídio da médica Lúcia, o primeiro em Santa Catarina durante a pandemia do coronavírus. O casal estava na casa de férias quando o crime aconteceu. A perícia concluiu que ela foi morta por estrangulamento. Ireno confessou a autoria do crime.

Após matar a companheira com quem mantinha um relacionamento desde 2013, Ireno foi até a casa de um filho em Gaspar, cidade que fica distante mais de 30 quilômetros de Itapema. Quem comunicou a Polícia Militar sobre o crime foi um genro do homem. O idoso foi preso em flagrante horas depois ao retornar aoapartamento onde o assassinato aconteceu.
> Como a pandemia mudou o combate ao feminicídio e à violência doméstica em SC
A prisão foi convertida em preventiva dois dias depois e o homem ficou preso na Unidade Prisional de Itapema até junho. O mesmo juiz que determinou a prisão dele em março entendeu após os depoimentos que a liberdade de Ireno não “representava risco à ordem pública” e que não haveria perigo de “reiteração dessa prática delituosa”.
O juiz pontuou também a idade dele e o risco de transmissão do coronavírus como fatores para a soltura.
Continua depois da publicidade
A prisão preventiva só foi restabelecida 60 dias depois da soltura. No mês passado, com Ireno ainda foragido, a família da médica criticou a demora no andamento do processo.
Contraponto
O advogado de Ireno, Alex Blaschke, explica que o cliente deve permanecer no Rio Grande do Sul à disposição da Justiça porque as transferências de presos entre os Estados não estão sendo feitas por conta da pandemia.
A defesa espera uma decisão favorável do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre um habeas corpus requerido no ano passado e a sentença do juiz catarinense (sobre a ida a júri popular por feminicídio ou não) para tentar um recurso.
O advogado contesta que o crime seja um feminicídio e busca que o caso seja tratado como homicídio simples.
Continua depois da publicidade