Depois de sucessivos adiamentos na entrega das obras, mudanças na data da inauguração oficial e muito tumulto na venda de bilhetes, a Itaipava Fonte Nova será finalmente aberta ao público neste domingo, com shows de Ivete Sangalo, Cláudia Leitte, Margareth Menezes, Márcia Short e Mariene de Castro, seguidos do clássico Bahia x Vitória.

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Os 40 mil ingressos vendidos a R$ 90 se esgotaram em menos de 12 horas.

Antes disso, hoje haverá a cerimônia oficial, com a presença da presidente Dilma Rousseff (PT), do governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), e do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM). Para a dupla petista, de olho nas eleições de 2014, o evento será um palco político com repercussão nacional e até internacional.

Segundo o cronograma, a inauguração seria em 2012. Um totem com contagem regressiva foi instalado no Dique do Tororó, que fica logo em frente, mas adaptações exigidas pela Fifa causaram sucessivos adiamentos. A última data, 18 de março, que chegou a ser anunciada pelo governo do estado, foi novamente descartada por causa da viagem de Dilma a Roma para a posse do Papa Francisco.

Agora, a polêmica está em torno do patrocínio anual de R$ 10 milhões da cerveja Itaipava, que dá nome à arena. A notícia desagradou soteropolitanos, que estranharam a mudança do nome tradicional para o pomposo Complexo Esportivo Itaipava Arena Fonte Nova.

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– Que complexo? É um campo. Nem piscina olímpica tem – criticou, em plenário, o vereador Léo Prates (DEM).

O estádio baiano é o segundo no país a aderir aos naming rights (depois somente da Arena da Baixada, que virou Kyocera Arena), como acontece em outros países, a exemplo do Emirates Stadium, em Londres, Mercedes-Benz Arena, em Stuttgart, e do Allianz Arena, em Munique. Apesar das queixas, o presidente da arena multiuso, Frank Alcântara, reforça a necessidade do patrocínio.

– É importante para a sustentabilidade econômica do equipamento e permite a redução do investimento público do Governo do Estado – justificou.

Campo tradicional do Bahia, a Fonte Nova foi implodida em agosto de 2012, apesar de ter sido fechada em 2007, quando parte do anel superior cedeu, deixando nove mortos e dezenas de feridos. Até hoje, ninguém foi punido. Sem campo para atuar, o Bahia recebeu em 2009 um Estádio de Pituaçu completamente reformado, ao custo de R$ 55 milhões – recentemente, ficou pronta, depois de três anos, uma passarela de acesso que consumiu mais R$ 17 milhões. Mas a casa acolhedora e os milhões devem perder a função em breve: acertos administrativos impedem jogos do Bahia em Pituaçu e o Vitória tem seu próprio estádio, o Barradão.

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Apesar de não entregar os acabamentos luxuosos mostrados no projeto inicial do consórcio formado por Odebrecht e OAS, a Arena Fonte Nova preenche a lacuna de palcos para grandes shows na cidade. A higiene, o conforto e a segurança previstos são um oásis para quem frequentou a antiga fonte, mas o tumulto ocorrido em 29 de março, durante a venda dos ingressos para o primeiro Ba-Vi, gerou um clima de insegurança. Policiais tentaram organizar o acesso da multidão por um único portão e a baderna começou. A polícia reagiu ao avanço dos torcedores com bombas de efeito moral, gás de pimenta e muita violência física.

– Me senti aviltado. Quem conhece o torcedor do Bahia sabe que somos campeões históricos de público no Brasileirão. Essa desculpa, de que a procura foi inesperada, é simplesmente ridícula – reclamou o empresário Paulo Nunes, 42 anos, que foi ao estádio com os dois filhos comprar ingressos e voltou para casa com um corte na perna.

Para evitar novos problemas no evento do próximo domingo, já está previsto um efetivo de 1,5 mil policiais na região, além de segurança privada.