Se os críticos da organização da Copa do Mundo de 2014 ganharam mais argumentos nos últimos meses com problemas nas inaugurações dos primeiros estádios que receberão o torneio, os mais otimistas com o evento tiveram neste domingo, no jogo de abertura da Arena Fonte Nova, em Salvador, uma amostra do espírito de festa e confraternização que esperam no próximo ano.
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A sede baiana da Copa das Confederações e do Mundial apresentou problemas pontuais, mas passou em seu primeiro teste. O clássico Ba-Vi, válido pelo Campeonato Estadual e vencido pelo Vitória por 5 a 1, teve banheiros limpos e organizados, orientadores eficientes e solícitos para atender a torcedores ainda confusos com a localização de seus assentos e um clima de confraternização, apesar da rivalidade entre as equipes envolvidas.
O cuidado no atendimento ao torcedor foi o grande destaque da organização da partida inaugural. A confusão na venda dos ingressos, causado por aglomeramento de pessoas em um dos portões na sexta-feira da semana passada, parece ter sido superada pela simpatia e competência de quem trabalhou para garantir o conforto do público no clássico.
Logo na entrada do estádio, panfletos eram distribuídos aos frequentadores, convidando-os a informar problemas e sugerir soluções aos gestores da Arena Fonte Nova. Cenas de torcedores perdidos, sem saber qual direção tomar para chegar a seu assento, eram comuns. Mas orientadores mostravam familiaridade com o estádio e estavam dispostos a ajudar.
A tarefa dos que guiavam o público tornou-se mais fácil por uma flexibilidade na acomodação dos torcedores que certamente não se repetirá na Copa. Na maior parte do estádio, os espectadores não precisaram sentar no assento que estava marcado em seus bilhetes, apenas sendo exigido que respeitassem o setor apontado no ingresso.
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Os problemas apareceram, como já previa Franck Alcântara, presidente da Fonte Nova Negócios e Participações, empresa formada por OAS e Odebrecht para gerir e explorar pelos próximos 35 anos a nova Itaipava Arena Fonte Nova, o nome oficial do estádio baiano, cujos naming rights foram adquiridos pela cervejaria carioca Itaipava.
– Vai aparecer uma questão aqui, outra ali. Vamos ter problemas. Estamos inaugurando um apartamento para 50 mil pessoas. Se a gente tem problema na nossa casa, imagina em uma construção desse tamanho? – destacou, na véspera da partida inaugural.
Em um dos estacionamentos, fios estavam aparentes, denotando que não houve tempo para todos os acabamentos. Nos bares, as filas no intervalo, costumeiras em estádios brasileiros, deixaram alguns torcedores à espera de seu lanche enquanto os jogadores já retornavam para a segunda etapa.
No aspecto geral, porém, a estreia foi tranquila. O acesso foi organizado e rápido, facilitado pelo grande número de catracas que diminuía o tempo de espera nas filas. Os banheiros são numerosos e estavam limpos mesmo durante o intervalo, quando aumentou o fluxo de torcedores.
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Para não “estressar o equipamento”, como diz o termo técnico, o clássico de inauguração não teve lotação total. Em vez dos 50 mil lugares que a Arena Fonte Nova pode abrigar, 41,5 mil ingressos foram vendidos. No próximo dia 28, porém, tudo deverá funcionar como se fosse um jogo de Copa do Mundo, em mais um Ba-Vi pelo Campeonato Baiano que servirá de evento-teste da Fifa no estádio. A julgar pela primeira amostragem, a sede baiana, que receberá seis jogos na Copa, está preparada para passar na avaliação.
Arquibancadas móveis para os eventos Fifa
Na Copa das Confederações e no Mundial, a capacidade da Arena Fonte Nova aumentará de 50 para 55 mil pessoas, graças a uma arquibancada móvel que está sendo erguida no setor sul e foi tapada por um pano vermelho e branco no jogo inaugural.
O projeto do novo estádio mantém o desenho em forma de ferradura da velha Fonte Nova, com abertura no setor sul. Nos grandes eventos que receberá, porém, a capacidade da nova Arena não seria suficiente para atender aos requisitos da Fifa. Por isso, a opção pelas instalações provisórias, que serão retiradas após a Copa.
O setor aberto, sem arquibancadas, deve ser utilizado para a instalação de grandes palcos para shows.
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Números
– A Arena Fonte Nova tem capacidade para 50 mil pessoas, mas apenas 41,5 mil ingressos foram vendidos para o Ba-Vi inaugural.
– 700 orientadores trabalharam na partida de abertura do estádio
– Cerca de 1,5 mil policiais civis e militares ajudaram na segurança
– 90 mil m2 é a área total da Arena
– O estádio tem 40 quiosques de alimentação e 94 banheiros