Cerca de 4,6% da população catarinense está passando fome, segundo dados da segunda etapa do Inquérito Nacional sobre Segurança Alimentar no Contexto da Pandemia Covid-19 no Brasil divulgados nesta quarta-feira (14) pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (PENSSAN). 

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A taxa de Santa Catarina é a menor do país. O que é explicado, segundo a professora Cristine Garcia Gabriel, do departamento de Nutrição da UFSC, pela renda da população e outras condições socioecômicas:

— Historicamente a região sul do país em comparação com as demais regiões apresenta melhores indicadores relacionados a estes determinantes da Segurança Alimentar. Com isso, é esperado que a situação de Segurança Alimentar seja melhor.

Ela destaca que, apesar de o resultado ser “melhor” em comparação a outros estados, “é inaceitável qualquer destaque positivo”, porque números “retratam retrocesso na situação da fome”. 

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A situação da Segurança Alimentar é determinada principalmente pela renda da população e por outras condições socioeconômicas e de acesso à serviços públicos e mecanismos de proteção social. Historicamente a região sul do país em comparação com as demais regiões apresenta melhores indicadores relacionados a estes determinantes da Segurança Alimentar. Com isso, é esperado que a situação de Segurança Alimentar seja melhor.

Fome atinge 33 milhões de pessoas no Brasil, mostra pesquisa

O estudo foi realizado entre novembro de 2021 e abril deste ano nos 26 estados e no Distrito Federal. Em Santa Catarina, o levantamento ocorreu em 506 domicílios, com base em quatro critérios: 

  • Segurança alimentar:a família/domicílio tem acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais. 
  • Insegurança alimentar leve: preocupação ou incerteza em relação ao acesso aos alimentos no futuro; qualidade inadequada dos alimentos resultante de estratégias que visam não comprometer a quantidade de alimentos. 
  • Insegurança alimentar moderada: redução quantitativa de alimentos e/ou ruptura nos padrões de alimentação resultante de falta de alimentos. 
  • Insegurança alimentar grave: fome (sentir fome e não comer por falta de dinheiro para comprar alimentos; fazer apenas uma refeição ao dia, ou ficar o dia inteiro sem comer).

No Estado, 59,4% das famílias foram classificadas com segurança alimentar, enquanto 4,6% apresentaram insegurança alimentar grave, ou seja, onde os moradores passam fome. O índice equivale a 338 catarinenses a cada mil habitantes, segundo o levantamento. 

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Entre aqueles com insegurança alimentar grave em Santa Catarina, 67,7% vivem com até meio salário, segundo o levantamento. O estudo explica que isto mostra que pessoas com baixos rendimentos são mais propensas a sofrerem com a insegurança alimentar. 

Ainda segundo a pesquisa, a maior proporção de famílias com insegurança alimentar no Brasil está no Norte e Nordeste. Alagoas foi o Estado que atingiu a maior proporção, com 36,7% das famílias pesquisadas em situação de insegurança alimentar grave.

A especialista destaca que Brasil vive desde 2016 “processo de desmonte e extinção de diversas políticas e mecanismos de proteção social, incluindo, aquelas relacionadas com o acesso à alimentação”.

No Brasil, a insegurança alimentar grave atinge 15,5% da população – número bem superior do registrado em Santa Catarina. 

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“Os resultados refletem as desigualdades regionais registradas no relatório do II VIGISAN, e evidenciam diferenças substanciais entre os estados de cada macrorregião do país. Não são espaços homogêneos do ponto de vista das condições de vida. Há diferenças socioeconômicas nas regiões que pedem políticas públicas direcionadas para cada estado que as compõem” explica o coordenador da Rede Penssan, Renato Malux, em nota. 

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