O domingo foi de sossego para a família assaltada na noite de sexta-feira, na Lagoa da Conceição, em Florianópolis. Como de costume, o procurador federal, 71 anos, e a pedagoga aposentada, 66 anos, receberam parentes e amigos. Mesmo assim, os momentos de medo que passaram nas mãos de assaltantes, ao terem a casa invadida na noite de sexta-feira, norteou as conversas.

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– Eles não nos bateram, mas foi uma violência psicológica grande – contou o aposentado ao DC. Confira a entrevista.

DC – Por que a porta da sua casa estava aberta?

Vítima – Nós recém tínhamos voltado de um restaurante. Meu filho tinha saído para comprar um bolo, pois meu neto estava de aniversário.

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DC – Como foi o momento exato do assalto?

Vítima – Eu e uma das meninas estávamos sentados, de costas para a rua. Quando um deles anunciou o assalto, achei que era brincadeira. Só me dei conta quando vi a arma na mão do bandido.

DC – Qual foi sua atitude?

Vítima – Não tive o que fazer. Só obedecer as ordens.

DC – Seu filho estava na rua e voltaria em seguida, é isso?

Vítima – Sim. Fui orientado a deixá-lo entrar como se nada tivesse ocorrendo. Nesse momento, os outros dois bandidos estavam com a minha família.

DC – Eles foram violentos?

Vítima – Não cometeram nenhuma violência física, mas ameaçavam muito. Psicologicamente foi uma tortura. Mandavam não olhar para eles, não esboçar reação, não chamar a polícia. Avisavam que iriam queimar um de nós se a gente não fizessem o que pediam.

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DC – Em que momento o senhor sentiu mais medo?

Vítima – Quando eles subiram com a minha mulher para o andar de cima, onde ficavam as joias. E quando vi o revólver encostado na cabeça da menina.

DC – Na sua opinião, por que eles não usaram de violência física?

Vítima – O comportamento da minha mulher ajudou muito. Ela é uma pedagoga aposentada e teve 29 anos em sala de aula conversando com alunos. Minha esposa teve muita calma e falava “meu filho”, “meu filho, vai com Deus”.

DC – Qual o prejuízo material?

Vítima – Quase nenhum. Recebemos o carro intacto e tudo o que foi levado.

DC – A polícia agiu rápido?

Vítima – Sim, tanto a civil como a militar foram muito rápidas e prestativas. Mas demos sorte, pois o meu celular foi deixado e com ele consegui chamá-los. Mas foi impressionante a participação da minha neta que ajudou a polícia a rastrear o seu smartphone que já tinha descido o Morro da Lagoa, cruzado a ponte e estava em outra área da cidade.

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DC – Felizmente deu tudo certo para a sua família e a tecnologia ajudou. Mas o senhor acha que a entrada dos bandidos foi facilitada?

Vítima – Sim. A casa tem alarmes por todos os lados, externo e interno. Mas tínhamos o hábito de não ligar quando estávamos embaixo, vendo TV. Além disso, a porta estava aberta.

DC – Qual a lição que fica?

Vítima – Aprendi que é mais fácil ser vítima de um roubo assim do que quando a casa está fechada ou com a gente viajando. Assim eles não precisam arrombar portas e chamar a atenção. Por isso, todo o cuidado sempre será pouco.

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