Os bombeiros que resgataram os nove tripulantes da lancha que naufragou em Balneário Camboriú na noite deste domingo contaram ao Sol Diário detalhes sobre como foi o salvamento. Os soldados Jucelio Ademir Vieira Junior e Tiago Alves Monteiro foram de jet sky até o local do acidente e auxiliaram retirando as vítimas da água, levando-as para um barco de apoio da Marina Tedesco que estava no local.

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Como foi o resgate?

Jucelio Ademir Vieira Junior – O acidente foi bem no bico do costão entre as praias de Laranjeiras e Taquaras. Quando chegamos no local já tinha um barco da Marina Tedesco e um jet sky dando apoio. Eu fui pilotando e o soldado Monteiro fez o resgate. A lancha estava trancada entre as pedras e ficava balançando. O socorrista pulou na água, entrou na lancha e prendeu um cabo de reboque. Então, o barco da Marina começou a rebocar a lancha, só que ela estava furada e começou a afundar com todos dentro. O soldado Monteiro começou a colocar o colete salva-vidas em todos, mas não deu tempo e alguns pularam na água sem. Uma mulher também se enrolou na corda da lancha que estava afundando e foi solta pelo soldado Monteiro. Depois que eles caíram na água foram levados para a lancha de apoio e encaminhados ao hospital com algumas fraturas.

Tiago Alves Monteiro – A Marina Tedesco nos chamou porque não estava conseguindo acessar o local e resgatar os passageiros. Quando entrei na lancha tentei acalmar as pessoas, porque alguns não sabiam nadar e não estavam com os coletes salva-vidas. Os coletes tinham caído no mar e um jet sky jogou de volta para colocarem. Inicialmente achamos melhor rebocar a embarcação com todos dentro, mas quando ela começou a ser puxada percebemos que o rasgo no casco era maior e ela foi afundando.

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No momento em que a lancha começou a afundar qual foi a reação?

Monteiro – Acelerei o processo de colocação dos coletes e avisei que todos tinham que pular na água, só que alguns que se apavoraram e pularam sem os coletes e outros estavam sem coragem. Foi um momento de pânico mesmo. Para ter uma ideia, entre o processo de colocar o colete e a embarcação afundar foram cerca de dois minutos. Não é o primeiro resgate dessa natureza que fazemos, mas com a lancha afundando sim. Bateu uma apreensão maior, porque tinha gente sem colete e que não sabia nadar. O local também é complicado e sem iluminação. Ali a sinalização é precária e temos registrados alguns acidentes de lanchas que batem nas pedras, mas nenhum com esse risco.

Há alguma suspeita de como o acidente ocorreu?

Vieira – Segundo os ocupantes, a lancha era nova e tinha pouco equipamento de localização, como GPS, bússola, entre outros. Eles disseram que quando viram já estavam no meio das pedras. A lancha afundou totalmente depois. Nós constatamos que o piloto da embarcação não estava sob o efeito de álcool.

As vítimas se machucaram?

Monteiro – Alguns tiveram fraturas e o piloto teve um corte no tornozelo. Quando a lancha bateu nas pedras eles foram jogados para dentro da cabine e acabaram se machucando.

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O local é de difícil acesso?

Vieira – Sim, inclusive acabei batendo o jet sky nas pedras quando fazíamos o resgate.

Qual a orientação nesses casos?

Vieira – É complicado, a maioria das lanchas vai para a praia do Caixa D’Aço, em Porto Belo, e volta costeando a praia, daí acaba acontecendo esse tipo de acidente, porque tem muitas pedras ali. Esse foi meu primeiro acidente desse tipo, mas o soldado Monteiro já pegou outros.