O trajeto entre Penha e Florianópolis que percorri domingo com a família teve uma inesperada e triste parada. Nas imediações da Polícia Rodoviária de Itapema, o congestionamento era o primeiro sinal visível de uma cena estarrecedora: o ônibus da Auto Viação Catarinense tombado na areia da praia ao pé da ribanceira, depois de uma impressionante queda entre pedras e uma vegetação arrancada como se uma enorme garra houvesse raspado o morro. Não havia mais feridos no local. O socorro levara os passageiros aos hospitais mais próximos.

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Parei o carro e fiz a foto que está na capa do DC impresso desta segunda-feira e figurou por boa parte do domingo no diario.com.br. A violência do acidente me abalou a ponto de estremecer minhas mãos, acentuando a falta de talento do obscuro repórter fotográfico que sou.

Porém, o que me perturbou tanto quanto o desastre foi a multidão de curiosos que estacionava para ver ou clicar. Quando o policial rodoviário passou anotando as placas para, pelo que deduzi, multar os condutores que congestionavam o local, me apresentei como jornalista. Ele pediu minha identificação e, gentil, autorizou o trabalho.

Fotografei o mais rápido que pude na expectativa de não perturbar peritos e policiais. Antes de seguir viagem ainda ouvi o comentário de um funcionário da empresa de ônibus:

– Ninguém morreu. Foi um milagre.

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