Eu tive câncer aos 43 anos e hoje tenho 58. Portanto minha experiência começou há 15 anos. Sou casada e tenho três filhos. Eu estava tomando banho quando ao apalpar a mama senti um caroço, assim, de uma hora para a outra. Eu sempre fazia os exames preventivos regularmente, mas alguns meses depois de um exame ele apareceu. Disse ao meu marido: acho que estou com câncer.
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Eu tinha vindo do Rio de Janeiro para cá há pouco tempo e não tinha plano de saúde. Foi um ano de luta para conseguir marcar um especialista pelo SUS e só consegui quando decidi “rodar a baiana”: disse que iria para a televisão fazer uma denúncia. Uma semana depois consultei, fiz biópsia e veio o diagnóstico positivo. Foi um baque muito grande. Uma sacudida de verdade.
Tirei um quadrante da mama, fiz quimio e radioterapia. Sou muito sensível à radio, que causou calcificações na mama. Dois anos mais tarde tive que tirá-la inteira. Vivo sem a mama todos estes anos, sou feliz, meu marido me aceita como sou. Só que oito anos depois, aos 51, tive câncer de útero. Quando os médicos operaram viram que a doença havia se espalhado para outros órgãos e passei por uma grande cirurgia.
Depois ainda fiz rádio e braquiterapia. Tive sérias complicações, mas hoje posso dizer que vivo bem, tenho cabeça boa, trabalho como voluntária no Grupo de apoio do Cepon (Gama) há 15 anos e durante muito tempo trabalhei também na ação social da igreja, pois sou católica praticante.
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O que me ajudou a superar tudo isso? Meu marido, um homem maravilhoso, que sempre ficou ao meu lado nos últimos 35 anos; meus filhos, meus pais (a mãe já morreu e o pai vai completar 101 anos em dezembro) e meus amigos. Além da minha religiosidade. É isso o que me mantém em pé e de bem com a vida.