O ministro-chefe do GSI, general Augusto Heleno, chamou de "desagradável" a prisão de um militar brasileiro na Espanha por levar 39 kg de cocaína em sua mala em avião da Força Aérea Brasileira (FAB).

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— Podia não ter acontecido, né? Foi uma falta de sorte acontecer exatamente na hora de um evento mundial e acaba tendo uma repercussão mundial que poderia não ter tido. Foi um fato muito desagradável para todo mundo — disse Heleno, que desembarcou no Japão nesta quinta-feira (27) com o presidente Jair Bolsonaro (PSL) para participar da reunião de cúpula do G20.

Apesar de reconhecer uma repercussão negativa que extrapola as fronteiras nacionais, o ministro disse ainda que não acredita que isso vá mudar a imagem do Brasil perante a comunidade internacional.

— Não, acredito que o G20 seja composto pelos chefes de Estado dos 20 países economicamente mais importantes do mundo. Se mudar a imagem do Brasil por causa disso, realmente só se a gente não estivesse sabendo da quantidade de tráfico de drogas que tem no mundo. É mais uma — disse.

Gerou preocupação ao governo brasileiro a prisão do taifeiro Manoel Silva Rodrigues em Sevilha, na terça-feira (25). Ele fazia parte de uma tripulação que ficaria na cidade espanhola para esperar Bolsonaro voltar do Japão.

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O presidente, que faria uma parada técnica em Sevilha, teve sua escala transferida para Lisboa, em Portugal, antes de chegar a Osaka. O governo nega que a prisão tenha motivado a mudança e alega "questões técnicas" como justificativa.

Questionado sobre se o episódio não demonstra uma falha de segurança, Heleno – que comanda a pasta responsável pela segurança do presidente –, disse que a fiscalização das malas e aeronaves é atribuição da FAB e que não há relação do fato com o gabinete que está sob seu comando, o GSI.

— Não, cada um tem o seu cada qual. A revista de passageiros e de malas para os aviões da FAB são encargo da FAB, que não é subordinada a mim. Então o GSI não tem nada que ver com isso, zero — afirmou.

Apesar de não falar em falha de segurança, Heleno reconheceu que não há gente o suficiente para manter a fiscalização de forma permanente nas aeronaves.

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— Todo mundo tem a sua mala revistada, inclusive nós, a do presidente da República, do ajudante de ordem. Vocês têm que entender é que esse sargento era da comissaria. Ele chega muito antes, você não tem efetivo para manter todo o tempo um esquema de vigilância. Este avião não era da Presidência da República. Este avião estava a serviço de outra coisa. É oficial, tudo bem, espera-se que esse tipo de coisa não aconteça. Leiam a nota da Força Aérea. A Força Aérea diz ali que vai aperfeiçoar o seu esquema de segurança — disse.

Bolsonaro chegou na tarde desta quinta em Osaka demonstrando irritação e impaciência ao falar com jornalistas. Ele não quis comentar, por exemplo, detalhes do que será tratado em sua principal agenda bilateral, com o presidente americano, Donald Trump.

— Se é reservada, é reservada — disse, encerrando o tema.

O presidente não teve agenda oficial e aproveitou o dia livre para caminhar nas ruas de comércio e jantar numa churrascaria brasileira. Segundo Heleno, a opção pela comida típica nacional foi de Bolsonaro, que não gosta de comida japonesa.

Questionado sobre o motivo da irritação de Bolsonaro, Heleno disse que ele está "preocupado", mas não detalhou os motivos.

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— Ele está preocupado porque tem uma série de coisas ocorrendo lá no Congresso e é lógico que ele, de longe, sempre é mais difícil de tomar conhecimento do que está acontecendo. Ele está preocupado, mas não está aborrecido não.

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