Pessoas próximas ao jovem espancado até a morte na tarde desta terça-feira (17) em Palhoça afirmam que ele não teve envolvimento com roubo de carro, ocorrido na noite anterior, que supostamente motivou as agressões. Deivid Duarte da Silva, 20 anos, foi morto em um posto de combustíveis no bairro Aririú. Segundo a Polícia Militar (PM), ele não tinha antecedentes criminais.

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— Infelizmente ele foi envolvido numa coisa que nunca fez parte — disse um parente, que preferiu não ser identificado, referindo-se ao crime que motivou o espancamento.

O rapaz foi abordado e agredido por estar dentro de um automóvel que teria sido usado em um roubo de carro na noite de segunda-feira (16). A Polícia Civil investiga se Deivid realmente teve participação neste crime. As agressões duraram cerca de 40 minutos. Uma câmera de segurança registrou a ação.

Vida tranquila em família

Deivid morava em Palhoça, na Grande Florianópolis. Trabalhava em uma empresa de lavação há cerca de dois meses. Era o penúltimo filho de uma família formada por outros quatro irmãos — dois homens e duas mulheres.

Conforme familiares, ele deixou a casa dos pais quando decidiu morar com a namorada, mas retornou após o fim do relacionamento. Mesmo separado, mantinha uma boa relação tanto com a ex-companheira, com quem ficou por dois anos, quanto com os parentes dela.

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No relacionamento, teve um filho — hoje com 1 anos e 5 meses de idade — por quem era muito apegado. Apesar de não viver na mesma casa, a relação dele com a criança era próxima, de bastante afeto e cuidado, conforme parentes.

Os relatos dão conta de que Deivid convivia com o menino nos fins de semana e, às vezes, também durante os dias úteis — quando a saudade apertava. A última vez que viu o filho foi no domingo, dois dias antes de ser morto.

— Parece que foi uma despedida. Ele dizia "ah, eu amo muito meu filho", chegava a dar dó — contou um familiar.

"Tinha medo de polícia", diz familiar

Parentes de Deivid ainda estão assustados com o crime. Segundo relato de pessoas próximas, ele era um jovem tranquilo, com quem a família nunca teve problemas.

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— Um cara que tinha medo até de polícia. Ele nunca se envolveu em briga. Saiu da casa dos pais para morar com a namorada, nunca tinha saído de casa antes — disse o parente.

Na noite do assalto, que teria motivado as agressões, Deivid tinha jogado futebol com amigos. De acordo com um familiar, ao chegar em casa, teria recebido a visita de pessoa próxima, pedindo para que ele fosse até um local — a família não soube informar onde seria.

O jovem saiu de casa com seu próprio carro e, chegando até o lugar, teria pedido uma corrida no aplicativo por meio de sua conta.

Ainda conforme relato de familiares, Deivid não teria entrado no veículo solicitado. Ele teria voltado para casa em seguida, com o próprio carro.

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A viagem pelo app de transporte teria sido feita por outras duas pessoas que estavam com ele.

Investigação

Três homens foram identificados por câmeras de segurança que registraram o crime. Eles foram presos em flagrante e serão indiciados por homicídio qualificado, conforme a Polícia Civil. A pena para esse crime pode chegar a 30 anos.

Na tarde desta quarta-feira, a juíza Cíntia Werlang, da 1ª Vara Criminal de Palhoça, na Grande Florianópolis, determinou a prisão preventiva dos três suspeitos. A decisão foi tomada em audiência de custódia.

A defesa informou que pretende recorrer e buscar um habeas corpus para todos. Enquanto isso, os três serão transferidos da carceragem da Polícia Civil para a Penitenciária de Florianópolis, onde vão aguardar as próximas fases da investigação e do processo.

Ao todo, 10 pessoas teriam participado do espancamento. Segundo o delegado-adjunto da Polícia Civil da cidade, Arthur de Oliveira Lopes, as imagens mostram que outras pessoas que estavam no local "inflaram" o ato e aproveitaram para agredir a vítima.

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Audiência de custódia foi marcada para tarde desta quarta-feira (18) para ouvir os três principais suspeitos do crime.

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