O fórum de Blumenau lotou nesta quarta-feira (23) de manhã para o julgamento de Everton Balbinott, acusado de matar a ex-namorada Bianca Mayara Wachholz em 25 de julho do ano passado. O júri popular começou por volta das 9h40min e deve durar o dia inteiro, com a previsão de depoimento de nove testemunhas, além do interrogatório do réu. Balbinott é acusado pelos crimes de homicídio triplamente qualificado – por motivo torpe, uso de recurso que dificultou a defesa da vítima e feminicídio – e ameaça. A pena prevista para o crime mais grave pode ser de 12 a 30 anos de prisão.
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O promotor responsável por sustentar a acusação, Odair Tramontin, aponta que as provas são abundantes e aguarda a condenação por todos os crimes apontados:
— Esse júri tem uma característica muito especial, porque é o feminicídio clássico. É uma escalada de violência, uma escalada de humilhação, de não aceitação do término do relacionamento. E é uma prática que infelizmente está crescendo muito nos últimos tempos. Santa Catarina infelizmente tem se destacado nesse cenário, e esse caso da Bianca é de um grande simbolismo porque era uma pessoa jovem, ativa, uma pessoa militante da causa feminina, e para nós do Ministério Público é uma pauta extremamente importante, por isso estamos muito determinados a conseguir uma condenação.
O assassinato de Bianca mobilizou a sociedade desde o ano passado, motivando protestos e homenagens em Blumenau. O choque causado pelo crime levou dezenas de pessoas para a porta do fórum nesta quarta, em um movimento que deve durar até a hora em que a sentença de Everton seja confirmada.
— É um caso de muito apelo pela natureza do crime que foi praticado, foi uma crueldade impar, ele não aceitou o término do relacionamento, ele foi violento com ela durante grande parte do transcurso do relacionamento, depois o desfecho final foi de uma crueldade inominável, porque ele matou a Bianca na frente da mãe dela, ele invadiu a casa dela, isso chocou a família, chocou o círculo familiar, chocou a sociedade blumenauense como um todo — apontou Tramontin.
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O advogado de defesa de Everton, Jeremias Felsky, apontou que vai aguardar o desenrolar do julgamento e o interrogatório do réu alinhar as teses defensivas. A intenção, segundo ele, é "trazer benefícios ao acusado dentro da legislação". Logo no início do júri Felsky pediu a suspensão do julgamento, afirmando que existem outros processos ainda em andamento, inclusive um pedido de liminar, mas a solicitação foi negada pela juíza Cibelle Beltrame, que comanda o júri popular.

"Pedimos justiça", diz pai da vítima
A família de Bianca está presente no fórum para acompanhar o julgamento. O pai dela, Celso Wachholz, disse que a data foi aguardada "fervorosamente" pela família, que espera um desfecho para o caso há mais de um ano.
Chegou o dia em que a única coisa que pedimos é justiça. O criminoso é réu confesso, acho que no final a justiça vai ser feita. A nossa filha está nos olhando e nós estamos com Deus — disse o pai.
Relembre o caso
Bianca Mayara Wachholz estava na casa da mãe, em julho do ano passado, quando foi abordada por Everton Balbinott dentro da residência, no bairro Itoupava Central. De acordo com os autos do processo, o denunciado pulou o muro da casa da ex-sogra, entrou no local e sacou a arma que estava escondida na calça.
Ele efetuou um disparo que atingiu a cabeça de Bianca, que morreu na hora. Segundo denúncia do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), ele teria feito isso para que a jovem “não se envolvesse com mais ninguém”. Ambos estavam separados no momento do crime.
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O acusado fugiu do local do crime e se apresentou à polícia dois dias depois. Ele teve a prisão preventiva decretada no dia 27 de julho do ano passado, e segue no Presídio Regional de Blumenau desde então, mesmo após negativas à defesa para que ele respondesse ao processo em liberdade.
Pós-assassinato
O caso ganhou repercussão estadual e resultou em ações pelo poder público em Blumenau. Em julho deste ano, quando o assassinato completou um ano, uma praça com o nome “Bia Wachholz” foi inaugurada no bairro Fidélis.
O dia da morte da artista plástica também será lembrado como Dia Municipal de Luta contra o Feminicídio, projeto apresentado pelo vereador Bruno Cunha (PSB), aprovado pela Câmara e sancionado pelo prefeito Mário Hildebrandt (sem partido).