Com a proximidade das festas de final de ano, uma preocupação com os cachorros vem à tona: o impacto com a explosão de fogos de artifício. O barulho pode provocar uma série de consequências negativas aos animais, desde ferimentos até a morte.

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De acordo com a presidente da Frente de Ação pelos Direitos Animais (FRADA) de Joinville, Liliane Lovato, muitos cachorros se machucam para tentar fugir do barulho e a quantidade de fuga é imensa.

Um dos animais vitimados pelos fogos foi a Mel, uma cachorrinha sem raça definida (SRD) que pertencia a professora em Neurociências e protetora de animais, Neuza Bonilla, de 57 anos.

Neuza encontrou a cachorrinha há dois anos em uma área de mata em Joinville e a resgatou, levando-a para fazer companhia a uma vira-lata e uma pitbull. Em setembro de 2019, uma comemoração próxima a casa da professora resultou na morte de Mel.

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Na época, uma empresa fez uma festa para comemorar uma venda e realizou uma bateria de fogos, que provocou grande agitação entre os cachorros. Neuza conta que a correria dos cães estourou um portão que separava os animais.

Quando a professora chegou em casa, Mel estava viva, mas em condições graves. O veterinário precisou fazer uma cirurgia na cachorrinha, pois os danos foram tão grandes que arrebentaram sua musculatura. Apesar dos esforços, Mel sofreu três paradas cardíacas e não resistiu.

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Mel não resistiu aos ferimentos causados pela confusão do barulho das explosões (Foto: Arquivo pessoal / Neuza Bonilla)

Traumas com fogos de artifício

A forma com que perdeu o bichinho de estimação, fez com que a professora levasse quase um ano para se recuperar do trauma.

– É uma dor absurda porque você deixa um animal saudável, bem feliz em casa e quando chega está nessa situação ou muitas vezes morto por conta de fogos de artifício – declara.

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E não foi o primeiro acidente que Neuza teve com os cachorros por causa dos fogos. Recentemente, a pitbull dela teve uma reação muito forte ao barulho e danificou parte da casa da professora.

– Ela detonou a porta, já quebrou uma outra porta dos fundos quando teve fogos de artifício. Então, quando chega Natal e virada do ano, eu saio com ela daqui. Sempre levo ela junto pra casa da minha mãe, que é um lugar mais tranquilo ou não saio de casa para não deixar a minha pitbull sozinha, porque ela praticamente enlouquece quebrando vidro, porta e tudo que tiver pela frente – comenta.

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Pitbull arrancou uma parte da porta da casa de Neuza (Foto: Arquivo pessoal / Neuza Bonilla)

Cachorros têm medo do barulho e alta capacidade auditiva

De acordo com o veterinário Rodrigo Von Mühlen, alguns fatores que podem explicar a agitação dos cães são: o medo de barulho e a alta capacidade auditiva. Segundo ele, um pequeno ruído para os cachorros é muito mais irritante do que para os seres humanos.

– Fogos de artifício nem se fala. Esses animais ficam muito estressados, tendem a ficar ofegantes e com ritmo cardíaco acelerado – afirma.

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Entre as consequências estão a parada cardíaca e convulsão. O veterinário alega que se o animal já sofre de alguma doença, fica tão estressado que a chance dele sofrer alguma crise aumenta.

Para os cachorros que são acostumados a ir na veterinária, Rodrigo alerta para alguns cuidados que podem ser tomados.

– Na chegada dessas épocas festivas, [precisa] fazer exames rotineiros para ver, por exemplo, dose de fenobarbital, que é o remédio para convulsão, [se] essas doses estão adequadas; se o cachorro está bem medicado; ter orientações do que fazer se o cachorro entrar numa crise convulsiva. Isso tudo é importante – orienta.

Algodão nos ouvidos dos cães e locais fechados podem evitar danos

Já para os cães que não são doentes, o veterinário diz que existem outros tratamentos mais simples.

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– Pode ser colocado tufinho de algodão dentro dos ouvidos, bem apertado mesmo [para] reduzir a entrada desse ruído. Você também pode deixar esse cachorro em um ambiente mais fechado – sugere.

Além disso, para tranquilizar os animais, medicamentos fitoterápicos como calmantes naturais, podem ser usados sob receita de um veterinário.

A presidente da Frada alega que durante o período do final do ano, algumas instruções também podem ser seguidas para diminuir os impactos dos fogos, tais como:

– Cuidar com portões, não deixá-los presos em corrente e cordas, pois podem se enforcar. Colocar uma música alta, algodões nos ouvidos – diz.

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Legislação proíbe explosão de fogos, mas não é cumprida

Apesar dos cuidados, a opção mais segura para os animais seria a proibição da soltura dos fogos. Em Joinville, existe a Lei Complementar Nº 525/2019, que impede a explosão de artefatos pirotécnicos, porém a norma não é cumprida e não há fiscalização da venda desses produtos. É o que alega a vereadora Tânia Larson (PSL), que sugeriu a discussão do tema em recente reunião da Comissão de Urbanismo da Câmara de Vereadores de Joinville.

Ela pediu aos representantes das instituições que trabalhem em conjunto na fiscalização e nas campanhas de conscientização sobre os perigos e transtornos dos fogos de artifício e rojões.

De acordo com André Matiuzzi, da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente (Sama), órgão da prefeitura que monitora o setor, a fiscalização é difícil de ser feita no período de festas. André alega que, além do site e do telefone 156 (ouvidoria), a prefeitura deverá disponibilizar o número de telefone do fiscal que estará de plantão para receber as denúncias.

A soltura dos fogos não deve ser feita a pelo menos 2 km de distância de parques, abrigos de animais e áreas de preservação ambiental, por exemplo.

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*Sob supervisão de Hassan Farias

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