O Fundo Monetário Internacional (FMI) piorou a sua projeção para a queda da economia brasileira em 2016. Conforme relatório divulgado nesta terça-feira, o órgão passou a prever que o Produto Interno Bruto (PIB) do país recuará 3,8% neste ano.

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Na previsão anterior, divulgada em janeiro, a queda esperada era de 3,5%. Já para 2017, o FMI manteve a projeção de crescimento nulo do PIB brasileiro.

O fundo também fez um alerta sobre os riscos que ameaçam a economia mundial e pediu aos governos que priorizem medidas que permitam retomar de maneira imediata o caminho do crescimento.

Nesse cenário, o FMI reduziu novamente as previsões de crescimento global em 2016 a um “modesto 3,2%”, em um cenário marcado pela incerteza crescente provocada pela persistência de riscos econômicos e políticos.

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Essa projeção representa um corte de 0,2% na comparação com a previsão de janeiro. Para 2017, o fundo projeta um crescimento mundial de 3,5%, também com uma redução de 0,1% em relação à expectativa divulgada em janeiro.

Em seu novo Panorama da Economia Mundial, o FMI destaca que o desempenho global tem sido “muito lento por muito tempo”, em um quadro que motivou o terceiro reajuste consecutivo em baixa de suas projeções.

Dentre as preocupações mais graves expressadas pela instituição financeira, destaca-se o chamado Brexit, a eventual saída da Grã-Bretanha da União Europeia (UE), um passo que segundo o FMI causaria “severos danos”, não apenas ao bloco, mas também à economia global.

Riscos persistentes

Outra grande preocupação é a instabilidade financeira, um fenômeno que afeta diretamente a confiança e a demanda das economias. O economista chefe do FMI, Maurice Obstfeld, destacou na apresentação do novo relatório que desde meados do ano passado são observadas “duas rodadas distintas de turbulência financeira global”.

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De acordo com o fundo, outro fator de desequilíbrio econômico é a persistente instabilidade na Síria, onde a violência motivou o deslocamento de milhões de pessoas em direção a países vizinhos e da Europa. Para o FMI, o fluxo de refugiados no velho continente, que registra níveis elevados de desemprego, provoca o início de uma onda de “nacionalismo”.

Na opinião de Obstfeld, caso os riscos não sejam enfrentados de forma adequada, toda a economia mundial poderá iniciar a rota de uma recessão generalizada.

— Quanto mais frágil for o crescimento, mais elevadas são as possibilidades de que os riscos levem a economia mundial a uma velocidade inferior a do atoleiro — destacou.

Para Obstfeld, “menos crescimento significa menos margem para o erro” e, portanto, “os responsáveis pelas políticas não podem ignorar a necessidade de preparar-se para possíveis resultados adversos”.

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América Latina em retrocesso

Entre as principais economias do mundo, apenas a China teve uma revisão em alta, mas o FMI destacou que o gigante asiático está em uma transição para um crescimento sustentável “baseado no consumo e nos serviços”.

Entre as chamadas economias emergentes, o FMI destacou a tendência à contração, especialmente na Rússia e no Brasil — no caso brasileiro, a recessão vem acompanhada de uma severa crise política.

De acordo com as previsões do FMI, a região da América Latina e do Caribe deve registrar retrocesso de 0,5% em 2016, com recuperação em 2017 e projeção de crescimento de 1,5%.

Neste ano, o desempenho econômico na região será pior do que em 2015, quando os países do continente registraram contração de 0,1%, segundo a instituição.

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Caso as estimativas do fundo para 2016 na América Latina e no Caribe se concretizem, a região terá dois anos seguidos de recessão, algo inédito desde 1982-1983, quando a crise da dívida desencadeou a chamada “década perdida” para o continente.

Na Argentina, a terceira maior economia local, as políticas econômicas do presidente Mauricio Macri aumentam a possibilidade de crescimento a médio prazo, “mas o ajuste possivelmente vai gerar uma leve recessão em 2016”, com uma queda prevista do PIB de 1%.

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