O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, antecipou nesta segunda-feira que as próximas previsões de crescimento da economia mundial que o órgão publicará em janeiro serão piores que as atuais. Durante discurso na conferência “Espanha no Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial: Cinqüenta anos de relação”, realizado em Madri, Strauss-Kahn afirmou que as perspectivas globais continuam deteriorando-se, o que indica que 2009 vai ser um ano “muito difícil”.
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O diretor-gerente do FMI ressaltou ainda que não crê que as políticas que estão sendo adotadas para enfrentar a crise sirvam para impulsionar o crescimento, e mostrou sua preocupação com que a reação internacional esteja sendo “pequena, mal inspirada quanto a seu desenho e duvidosa quanto à sua implantação”.
– Os alertas antecipados estão muito bem, mas de nada servem se os governos não os ouvem, porque quando chegam avisos como as previsões (do FMI), às vezes são questionados – acrescentou.
Neste sentido, considerou necessário institucionalizar as reuniões do Grupo dos Vinte (G-20, que reúne os países ricos e principais emergentes), para poder colocar em prática os acordos que saírem desses encontros. No entanto, perguntou se o número de membros é o adequado, dado que “grandes países” não estão presentes. Além disso, explicou que se o G-20 quer desenvolver um papel importante, deverá levar mais em conta organismos multilaterais como o FMI, pelas vantagens de sua afiliação universal (166 membros que representam 80% do Produto Interno Bruto mundial).
Para ele, a responsabilidade da comunidade internacional não está só em reformar tecnicamente o sistema financeiro, mas em “demonstrar ao homem comum que a economia de mercado tem um rosto ético”, tendo como centro de atuação “a humanidade e a transparência, mais que a opacidade e a cobiça”. Se esta mudança de valores não ocorrer, pode haver distúrbios sociais, advertiu.
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Apesar de tudo, Strauss-Kahn disse que “seria injusto” não reconhecer que foram dados passos importantes para resolver a crise mundial, mas ressaltou que ainda resta muito a fazer se o que se deseja é evitar que a crise se prolongue além de 2009.
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