A direção do Fundo Monetário Internacional (FMI) aprovou nesta sexta-feira (26) o pacote de ajuda de 56 bilhões de dólares para a Argentina com o objetivo de ajudar a estabilizar a economia daquele país.
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O FMI anunciou que esta aprovação libera 5,7 bilhões para o governo imediatamente, elevando o montante desembolsado desde junho a cerca de 20,4 bilhões de dólares.
“A Direção Executiva do Fundo Monetário Internacional (FMI) concluiu no dia de hoje a primeira revisão do desempenho econômico da Argentina em virtude do Acordo Stand-By (SBA) de 36 meses que foi aprovado em 20 de junho de 2018”, disse o organismo em um comunicado.
A Argentina atravessa uma crise econômica que provocou uma desvalorização da moeda de cerca de 50% neste ano, o que elevou a previsão de inflação acima de 40% no final de 2018, e reduziu as previsões de crescimento para uma retração de 2,6%.
“Apesar do entorno desafiador, o governo fortaleceu de forma proativa seus planos políticos”, destacou em comunicado a diretora-ferente do FMI, Christine Lagarde, que alertou que muitos desafios continuam pendentes.
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Para enfrentar a crise econômica e os problemas decorrentes de uma corrida cambial que afetou vários mercados emergentes, o governo de Mauricio Macri recorreu ao FMI em junho, um organismo com o qual a Argentina praticamente encerrou seu relacionamento desde 2006.
O país conseguiu um empréstimo de 50 bilhões de dólares do FMI em junho, dos quais já recebeu 15 bilhões.
Após uma nova evasão em agosto em agosto, o governo voltou ao Fundo para pedir uma extensão do plano de ajuda. O pacote de ajuda é calculado usando o sistema Direitos Especiais de Saque ou SDR, que inclui uma cesta de moedas.
– Déficit zero –
Em troca de apoio financeiro, o governo comprometeu-se com o FMI a reduzir o déficit fiscal primário a zero em 2019.
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A diretora-gerente do FMI destacou que as autoridades argentinas se mantiveram firmemente comprometidas com os objetivos do acordo de proteger os vulneráveis, garantir que a dívida pública continue sendo sustentável, reduzir a inflação e fomentar o crescimento e a criação de empregos.
“Para alcançar esses objetivos, as autoridades redobraram seus esforços de reforma acelerando a redução do déficit fiscal para alcançar o balanço primário em 2019 e alcançar um superávit primário a partir de 2020”, acrescentou.
Esta semana, a Câmara dos Deputados deu o primeiro passo para aprovar um orçamento de austeridade que envolve cortes significativos nos gastos públicos e que agora aguarda aprovação do Senado. A votação aconteceu em meio a manifestações de rechaço em Buenos Aires que levaram a violentos tumultos.
O FMI destacou que o pacote considera o impacto dos cortes para a população mais vulnerável.
“Proteger os mais vulneráveis na Argentina continua sendo um componente central”, por isso o governo vai “aumentar o gasto em programas de assistência social caso as condições sociais piorem”, disse um funcionário do organismo.
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Macri enfrenta uma situação complicada, com 27% da população abaixo da linha da pobreza e com uma taxa de desemprego crescente, que atingiu 9,6% no segundo trimestre.
Apesar do pacote de ajuda, o FMI estimou em suas previsões que a situação não melhorará no curto prazo na Argentina: a agência estimou uma contração econômica de 1,6% em 2019.
Neste mês, o FMI nomeou o economista jamaicano Trevor Alleyne como representante na Argentina. O economista assumirá sua posição no final de novembro e terá que reabrir o escritório da instituição no país sul-americano, fechado desde 2012.
* AFP