Milhares de migrantes continuam chegando aos Bálcãs, apesar dos bloqueios em várias fronteiras para impedir seu avanço, e a chanceler alemã Angela Merkel fez um apelo para que as pessoas evitem aqueles que “têm ódio no coração”, antes de uma passeata do movimento islamofóbico Pegida.

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Após o fechamento da fronteira da Hungria com a Croácia, os migrantes se viram obrigados a passar pela Eslovênia para prosseguir sua viagem.

No entanto, o governo esloveno anunciou que limitará a entrada de migrantes em seu território a 2.500 por dia.

Ao mesmo tempo, o governo húngaro comemorou o fato de ter detido de modo eficaz o trânsito de migrantes por seu território depois de fechar as fronteiras com a Sérvia e a Croácia. Budapeste informou que apenas 41 pessoas entraram ilegalmente em seu território no domingo.

Nesta segunda-feira, quase mil pessoas estavam bloqueadas na fronteira eslovena, enquanto centenas aguardavam na fronteira Sérvia-Croácia pela possibilidade de entrar no território da União Europeia (UE), em um clima frio e com chuva.

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“Tentamos administrar as entradas de forma coordenada para evitar sobrecarregar as capacidades de alojamento da Eslovênia. Damos prioridade aos mais vulneráveis”, disse Bojan Kitel, porta-voz da polícia.

Apesar dos controles reforçados, quase 10.000 migrantes entraram entre a noite de sábado e o fim da tarde de domingo na Macedônia, procedentes da Grécia. Muitos desejam chegar à Alemanha, onde a chanceler Angela Merkel defende a política de portas abertas, apesar das críticas.

Veneno

As autoridades alemãs estão preocupadas com o avanço da extrema-direita e o aumento de ataques contra locais que abrigam os refugiados. O país continua em choque depois do esfaqueamento, por motivos racistas, de Henriette Reker, que no domingo foi eleita prefeita de Colonia, onde ela era a secretária responsável pela recepção dos migrantes.

O porta-voz de Merkel, Steffen Seibert, recordou as palavras da chanceler no discurso de Ano Novo de 2015: “Não sigam aqueles que têm preconceitos e inclusive ódio no coração”.

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A frase foi lembrada pelo porta-voz como uma referência ao Pegida, que programou um protesto para a noite desta segunda-feira em Dresden (Saxônia) para celebrar o seu primeiro aniversário.

O movimento islamofóbico reúne entre 7.000 e 9.000 pessoas a cada semana para protestar contra a chegada de centenas de milhares refugiados ao país. O grupo espera um número maior nesta segunda-feira.

“Agora está claro: os que organizam (as manifestações) são extremistas de direita”, afirmou no sábado o ministro alemão do Interior, Thomas De Maizière.

“Permaneçam afastados daqueles que estimulam o ódio no país, este veneno”, disse.

Uma contramanifestação também foi convocada em Dresden, com o lema “Mais coração que perseguição”.

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Em vários países europeus, sobretudo na Áustria, os movimentos populistas estão ganhando espaço. O caso mais recente aconteceu na Suíça, à margem até agora da crise migratória, onde a direita que faz campanha contra a imigração conseguiu um grande avanço nas eleições legislativas de domingo.

A UE, que tenta administrar a crise migratória excepcional protagonizada por centenas de milhares de sírios, afegãos e iraquianos em fuga dos conflitos em seus países, não consegue coordenar a resposta ao desafio.

Nova onda

Merkel se reuniu no domingo com as principais autoridades da Turquia no domingo para negociar o “plano de ação” europeu que pretende envolver Ancara, permitindo que os migrantes, principalmente sírios, permaneçam em seu território.

O primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, elogiou o “melhor enfoque” da UE a respeito do país, que já recebeu dois milhões de refugiados sírios, ao recordar que a Turquia havia sido “deixada sozinha”.

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Apesar do elogio, Davutoglu advertiu nesta segunda-feira que a Turquia não abrigará imigrantes de forma permanente para acalmar a UE e que o país “não é um campo de concentração”.

Merkel e Davutoglu expressaram preocupação com uma “nova onda” de refugiados sírios procedentes da região de de Aleppo, na fronteira com a Turquia, onde avançam as tropas do regime de Damasco.

* AFP