Professores, alunos e servidores das instituições de ensino federais em Florianópolis vão paralisar as atividades nesta quarta-feira (15) em protesto ao bloqueio de verbas imposto pelo governo federal. Uma manifestação está marcada para as 10 horas, em frente à reitoria da UFSC, com previsão de saída para o centro no início da tarde. Haverá concentração nos arredores da catedral, seguida de marcha em direção ao Terminal de Integração do Centro (Ticen).

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O bloqueio de 30% no orçamento de custeio destinado às universidades e institutos federais do país é o principal alvo dos protestos. Só a UFSC estima um rombo de R$ 46 milhões no orçamento da universidade.

Já o Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) anunciou que o bloqueio somará R$ 23,5 milhões. As duas instituições alertam que vai faltar dinheiro para manter as atividades no segundo semestre caso a medida não seja revista pelo Ministério da Educação.

Como a mobilização desta quarta-feira se dá em defesa das universidades, a UFSC promete garantir a infraestrutura e apoio necessários aos atos realizados na instituição.

No IFSC, a paralisação também é defendida como legítima. Na segunda, pelo menos cinco unidades do instituto no Estado realizaram abraços simbólicos aos espaços com a participação de estudantes, professores e funcionários.

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Entidades que coordenam a paralisação desta quarta apontam que a participação é voluntária, mas esperam grande adesão das categorias.

— É uma decisão individual dos alunos, professores e técnicos. Mas o problema é de uma gravidade enorme e as pessoas estão sensibilizadas a demonstrar essa contrariedade às decisões do governo — destaca Carlos Alberto Marques, presidente do Sindicato dos Professores das Universidades Federais de SC (Apufsc).

Vamos chegar no final do ano com mais dívidas do que com créditos. O segundo semestre estará integralmente comprometido

Áureo de Moraes, chefe de gabinete da UFSC

UFSC prevê segundo semestre com contas no vermelho

A direção da UFSC ainda conta com a liberação plena dos recursos previstos no orçamento, mas prevê dificuldades para bancar as despesas de custeio nos próximos meses. Embora alternativas estejam em estudo, o chefe de gabinete da reitoria, Áureo de Moraes, diz que eventuais medidas de contenção, como nos gastos com luz e serviço de vigilância, teriam impacto mínimo diante do corte no orçamento.

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— Não faz sentido nós deixarmos de fornecer qualquer tipo de serviço, fechar algum setor ou reduzir horários de atendimento porque a gente compromete a essência da instituição — avalia.

A previsão da direção é de que a partir de setembro as contas da universidade entrem no vermelho.

— Vamos chegar no final do ano com mais dívidas do que com créditos. O segundo semestre estará integralmente comprometido. Isto não é uma ameaça, blefe, chantagem. Isto é, efetivamente, uma conta de execução orçamentária— reforça.

Se o bloqueio persistir no segundo semestre, começaremos a paralisar algumas atividades a partir de setembro e outubro

Maria Clara Schneider, reitora do IFSC

IFSC reduz aulas práticas para poupar despesas

O IFSC já teve atividades contingenciadas desde o início do ano letivo devido à redução do orçamento em relação ao ano anterior. Agora, com o bloqueio geral anunciado pelo governo, o orçamento de custeio será quase 40% menor. Medidas como a redução de aulas práticas para minimizar despesas com insumos já foram colocadas em prática.

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— Se o bloqueio persistir no segundo semestre, começaremos a paralisar algumas atividades a partir de setembro e outubro. Alguns contratos não vamos conseguir honrar. Por isso estamos nos posicionando de maneira tão drástica contra o bloqueio — diz a reitora Maria Clara Kaschny Schneider.

Com 22 câmpus, o IFSC atende mais de 50 mil estudantes no Estado.

Entenda

O governo federal anunciou no fim de abril o bloqueio de 30% dos recursos destinados a todas as instituições de ensino federais do país. A medida atinge os chamados gastos de custeio, como fornecimento de energia, água e vigilância.

Os cortes no orçamento do Ministério da Educação (MEC) foram incluídos em um contingenciamento maior anunciado pelo governo, de R$ 30 bilhões. Do total, R$ 5,8 bilhões são da Educação. Os números atualizados do bloqueio para instituições catarinenses somam R$ 102 milhões.

Na última quinta-feira, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, falou em 3,5%. No entanto, os 3,5% levam em consideração o orçamento total das universidades, que incluem as despesas vinculadas (pagamento de salários e benefícios a inativos), que não podem ser cortadas pela gestão. Já em relação às chamadas despesas discricionárias, como gastos com água e luz, que podem ser alteradas, o montante bloqueado equivale a 30%.

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