É com bons olhos que Denise Campos, moradora há mais de 50 anos do bairro Saco dos Limões, vê as obras de pavimentação em andamento na Rua João Motta Espezim. A via é uma entre a mais de 120, de 31 bairros, que estão recebendo a operação batizada pela prefeitura de Florianópolis de "Asfaltaço".

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Lançado em junho deste ano, o programa prevê 150 quilômetros de pavimento asfáltico e serviços, como drenagem, extensão, qualificação e revitalização em todas as regiões da Ilha, além do bairro Abraão, no Continente, até abril de 2020, com um investimento total de R$ 218 milhões. Apesar de achar positivo, dona Denise faz ressalvas.

— Com certeza isso demorou. Deviam ter feito há mais tempo. É um mal necessário, mas a gente vê pela espessura do asfalto que é uma solução temporária — opina a moradora.

O secretário municipal de Infraestrutura e Mobilidade, Valter Gallina, defende que a Capital estava precisando de todos esses reparos, mas, segundo ele, só foi possível atender essa demanda agora.

– Florianópolis ficou muitos anos sem nós fazermos todas essas ações. No primeiro ano o prefeito teve resolver o problema da máquina (pública) e como estávamos no vermelho não conseguimos financiamento em lugar nenhum porque os bancos exigiam as contas em dia e não existia isso na prefeitura – justifica o secretário.

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Denise
Denise Campos, moradora do bairro Saco dos Limões (Foto: Diorgenes Pandini)

Locais atendidos

Ainda conforme Gallina, há muitas vias em mal estado de conservação, porém, a escolha das que receberiam a revitalização foi feita de acordo com a movimentação que elas recebem diariamente:

— Nós optamos pelas ruas estruturantes, que são corredores de ônibus. A seleção foi feita desta forma, separamos as vias que estavam em uma situação ruim, porém que são estruturantes — explica.

Na tentativa de não atrapalhar o fluxo de veículos, os trabalhos sempre que possível são realizados à noite e em meia pista. Nos acessos mais estreitos um desvio do trânsito é aplicado.

João Paulo
Trabalhos realizados no bairro João Paulo (Foto: Gabriel Lain)

Mudança no trajeto dos ônibus

Em alguns casos as linhas do transporte público precisam mudar o itinerário por causa das obras. De acordo com Gallina, antes dos trabalhos começarem, foi feita uma análise para verificar se era necessário realizar a alteração na rota. Caso o entendimento fosse positivo, um ofício era emitido para informar a população sobre as mudanças.

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Conforme a Secretaria Municipal de Transportes e Mobilidade Urbana, as alterações são temporárias e aplicadas de preferência no período da madrugada. Quando alguma linha é afetada as informações são passadas para a população por meio das redes sociais da prefeitura e nos meios de comunicação.

O consórcio Fênix afirmou, através da assessoria, que durante as obras da operação “Asfaltaço”, os desvios que já aconteceram ou estão ocorrendo são sem significância, já que os trabalhos nas vias com maior movimentação são realizados na parte da noite.

A manicure Ivana Virtuoso, que trabalha na Rua João Motta Espezim, no Saco dos Limões, diz que no bairro as obras estão sendo realizadas sem atrapalhar.

— Foi tudo tranquilo durante os trabalhos. Algumas coisas eram feitas à noite. Essa madrugada mesmo eles fizeram uma lombada. O desvio no trânsito não afetou tanto, eles colocaram placas avisando.

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Vinícius Botelho, que mora na Trindade e usa o transporte público para visitar a filha semanalmente no Saco dos Limões, disse que não deparou com nenhum inconveniente por causa das obras. Mas nem todos os moradores do bairro são da mesma opinião.

— Às vezes mudava o ponto de embarque e desembarque e o aplicativo do ônibus não atualizava a informação no tempo correto. Eu ia a um ponto na rua de trás porque o embarque no aplicativo dizia que era lá e quando eu chegava, já não era mais — se queixa Desirée Santos Afonso.

Vinicíus
Vinícius Botelho esperando o ônibus para voltar para a Trindade depois de ter visitado a filha (Foto: Diorgenes Pandini)

No comércio também há quem se sinta prejudicado com as intervenções.

— O barulho e a poeira incomodam um pouco e o horário que algumas vezes eles fecham a rua atrapalha, porque é bem no fim de tarde, pelas 18h, e é quando tem mais movimento — comenta o atendente de mercado Vladimir Furtado.

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Vladimir
Vladimir Furtado mora na Agronômica e vai diariamente para o Saco dos Limões, onde trabalha (Foto: Diorgenes Pandini)

Ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas

Também está prevista no pacote de obras a instalação de novas ciclovias, ciclofaixas e/ou ciclorrotas. O secretário de Mobilidade da Capital, Michel Mittmann, diz que a ideia é dobrar, em 12 meses, a quantidade de quilometragem para ciclistas em Florianópolis. Ele afirma ainda que serão criadas “conectividades nos percursos”.

— Então, onde for possível colocar ciclovia e clicofaixa, vamos fazer. Em ruas mais estreitas, vamos inserir a ciclorrota — explica.

No bairro Abrãao, por exemplo, mais de dois quilômetros ao longo da Rua João Meirelles foram contemplados com a ciclofaixa.

O secretário de Infraestrutura da Capital, Valter Gallina, diz que vias emblemáticas da cidade foram incluídas na operação:

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— Podemos destacar a Mauro Ramos, no Centro, que terá ciclovia em toda a sua extensão e a Madre Benvenuta, no Santa Mônica. Então, você pode imaginar que um ciclista vai sair do Centro da cidade e ir até a Udesc, por exemplo, ou até a UFSC, com espaço exclusivo para pedalar em segurança.

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