O som que reverberou no Centro de Florianópolis, nesta quarta-feira (15), gritava em alto e bom tom que cortes na educação não seriam tolerados. Frases como "Ô Bolsonaro, não vem com essa não, tira a tesoura da educação" e "A minha arma é a educação" eram ditas em uníssono por uma multidão de 20 mil pessoas. Estudantes, professores, crianças e adultos caminharam lado a lado durante cinco horas de manifestação pacífica.

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Os primeiros a saírem pelas ruas da cidade, às 13h30, foram os estudantes da UFSC e Udesc. Eles paralisaram o trânsito em uma das vias da Avenida Beira-Mar Norte e depois seguiram em direção à Mauro Ramos, onde se uniram aos alunos do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC). Logo foram ao encontro da multidão concentrada em frente à Catedral Metropolitana.

Os rostos vistos por ali eram de pessoas preocupadas com o futuro de seus filhos. A professora Priscila Queiroz levou a filha Clara, de 7 anos, e mais duas amigas da menina para o protesto.

— Vim com a minha filha porque eu quero que ela entenda o motivo de não ter tido aula hoje. É importante que a gente não aceite esses cortes na educação. Todos têm direito à educação pública e de qualidade. E é por isso que estamos aqui, eu e ela — comentou Priscila.

Ao sair da Praça XV, por volta das 16h, o grupo seguiu em direção à Secretaria Estadual de Educação, no calçadão da Rua João Pinto. Entretanto, os caminhos tomados foram divergentes. A multidão se dividiu em três.

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Um grande grupo seguiu imediatamente pela Avenida Paulo Fontes, em direção ao Ticen, ponto final de encontro acordado no início da mobilização. Esse era formado majoritariamente por estudantes da UFSC e IFSC, que bloquearam o trânsito da via, e é nesse momento que um motorista surpreendeu. Ele parou o carro, saiu do veículo, contemplou o público e bateu palmas.

O nome dele é Paulo, funcionário público, e decidiu ficar por ali e também se unir ao movimento.

Motorista observando grupo de manifestantes
Funcionário público, Paulo parou o carro se uniu ao movimento no Centro da Capital (Foto: Camila Levien / NSC Total)

— Acho que é muito importante para a sociedade e para o crescimento deles (dos estudantes) enquanto cidadãos. A questão dos cortes da educação é super problemática. Eu acho que a sociedade e, principalmente, os estudantes têm que apontar essa contradição para que a gente abra os olhos quanto a isso — declarou.

Multidão aglomerada em frente ao Terminal Central de Florianópolis
Multidão aglomerada em frente ao Terminal Central de Florianópolis (Foto: Diorgenes Pandini / NSC Total)

O segundo grupo seguiu pela Rua Tenente Silveira, chegando ao Terminal do Centro (Ticen) por volta das 17h30. O terceiro, de aproximadamente duas mil pessoas – segundo a Polícia Militar – permaneceu até o fim da mobilização, às 18h30, na praça Tancredo Neves, em frente à Assembleia Legislativa (Alesc).

A Polícia Militar e a Guarda Municipal acompanharam todo o trajeto dos manifestantes na Capital. Segundo o tenente coronel Fernando André, essa foi uma das maiores manifestações em Florianópolis desde o movimento "Vem para a Rua", em 2013. Apesar do grande público, a PM não registrou ocorrências nesta quarta-feira.

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