Neste sábado, a brisa marinha que acompanha a história da Ilha de Santa Catarina assoprará as 287 velas de aniversário de Florianópolis. Fundada por Francisco Dias Velho há mais de três séculos, conseguiu a independência de Laguna em 23 de março de 1726, quando começou a andar com as próprias pernas. Hoje, é uma imponente cidade, abrigo de 421 mil pessoas e outras milhões de histórias.

Continua depois da publicidade

Retrato da Lagoa da Conceição, no Leste da Ilha

Foto: Caio Silva

Continua depois da publicidade

As histórias são contadas na Praça XV de Novembro, onde conversam o professor aposentado Paschoal Elesbão Beretta, de 82 anos, e seu Nilo Euclides da Silva, 57. Eles conheceram uma Florianópolis onde a subida da Felipe Schmidt era de terra, a principal rua da cidade, a Tenente Silveira, era a artéria de um povo que se ligava ao mar através da Ponte da Independência, que recebeu o nome de Hercílio Luz por conta do esforço que esse governador fez para realizar um sonho dos ilhéus.

Imagem da Lagoa da Conceição, em 1953

Foto: Tomas Somlo – IBGE

O mar era muito mais do que é hoje. Não só em extensão, mas em convívio. A lenha, as frutas, as roupas, as pessoas e, é claro, os peixes, chegavam pelos vários cais espalhados pela costa. Paschoal resume em três palavras aquela época:

– Era muito bonito.

Naquele tempo, se podia ficar até meia-noite na rua, admirando as rodas de música que alegravam a frente da Catedral. Hoje, as árvores cresceram, as ruas são pavimentadas e os carros estão por todos os lados. Paschoal acha até que a cidade está melhor. Os prédios que ornamentam a Beira-Mar e as avenidas movimentadas dão um ar de metrópole àquela antiga vila de pescadores.

Continua depois da publicidade

Apesar de quase dois séculos de vida, Florianópolis ainda era adolescente nos anos 1970.

– A Prainha ainda era um balneário onde o pessoal tomava banho e a gente tirava berbigão dali para comer _ conta a nativa Eli Teresinha da Silva, de 65 anos.

Tinha a mesma população de Palhoça e uma ambição que extrapolava os limites impostos pelo mar. Ela se expandiu. Foi para a água, se fez aterro, terminal rodoviário, avenidas, viadutos, praças gigantes e arranha-céus que deixavam o então imponente prédio do Ipesc feito um anão. Agora, a Prainha é só um nome de um lugar esquecido pelos banhistas.

Medo de o aterro ser engolido

Enquanto a draga tirava areia da Costeira do Pirajubaé, Eli da Silva se assustava com aquele novo chão que faziam em cima do mar. Ela, como muitos florianopolitanos, tinha medo que o aterro, de 38.107,60 m², fosse engolido pelo mar, mais cedo ou mais tarde. O chão não parecia ser firme, e entrar no Terminal Rodoviário Rita Maria era tarefa para corajosos. Aquilo tudo afundaria, acreditavam os ilhéus e uma meia dúzia de videntes. Na primeira vez que Eli passou pela Ponte Colombo Salles, um frio na barriga a acompanhou. Era um medo diferente daquele de criança, quando atravessava a pé a Hercílio Luz de mãos dadas com seu pai.

Continua depois da publicidade

– Tinha aqueles buracos no chão. Eu ficava com medo, mas era muito gostoso – conta.

Ela sente saudades daquele tempo, quando sua tia chegava da Bahia em um cais perto da Hercílio Luz, além dos carnavais nos quais seu pai fazia carros alegóricos. A nostalgia é reforçada pelo desgosto com a cidade que hoje lhe traz violência e agitação constante, diferentemente dos tempos de criança. Sinal de que Florianópolis, assim como Eli, já enfrenta os problemas de uma pessoa adulta.

Sombreados por aquelas árvores plantadas há mais de 50 anos, Paschoal chama o que temos hoje de progresso. Nilo complementa que há pontos bons e ruins nisso. Hoje, há estradas, as praças estão mais bem cuidadas, as moças mais bonitas… O aterro afastou o mar, mas a brisa daquele tempo ainda refresca a Ilha de Santa Catarina.

Alguns eventos da programação de hoje

8h30min: Aquathlon (Campeonato Brasileiro), no Taikô Jurerê.

9h às 12h: Passeio ciclístico, na Avenida Beira-Mar Continental.

9h: Mutirão de Limpeza nas encostas do Maciço do Morro da Cruz.

4 10h: Bolo na praça, em frente ao posto policial da Tapera.

4 11h30min: Bolo no centro comunitário do Mocotó.

12h: Bolo no Parque de Coqueiros.

12h: Vela (Regata de Florianópolis), no Trapiche da Beira-Mar Norte.

14h: Bolo na praça do Bairro Monte Cristo.

14h às 20h: Feira de artesanatos e shows com bandas locais, na Praça Nossa Senhora de Fátima, no Estreito.

Continua depois da publicidade

16h: Bolo no centro comunitário da Vila União.

Veja a programação completa no site clic.sc/floripa287anos.