Depois de 12 anos, Paul McCartney retorna à Ressacada para mais uma noite histórica em Florianópolis neste sábado (19). Em meio a nostalgia da primeira vinda do cantor à Santa Catarina, o show do ex-Beatle marca o retorno do Estado na rota de grandes shows, que prometem impulsionar a economia local.
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O produtor Paulo Fellin, responsável por trazer Paul McCartney de volta à Santa Catarina, explica que a capital Florianópolis já costuma receber shows nacionais, com casas que comportam público de até 15 mil pessoas. Contudo, a agenda de shows internacionais ainda é modesta, sendo que o último foi o próprio show de Paul, em 2012.
Com 40 anos de bagagem no mercado de shows, Paulo quer trazer mais concertos internacionais para Florianópolis, e fazer com que os artistas que estão em turnê pelo Brasil “parem” na capital catarinense.
— Geralmente, os artistas vêm a Curitiba, depois vão a Porto Alegre. A gente costuma dizer que os shows passam por cima da gente. Isso faz com que o mercado local não tenha o hábito de realizar eventos desse porte. Então quando você vai realizar um evento deste tamanho, você tem que trazer uma nova realidade que um show internacional demanda — destaca.
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A proposta do produtor, ex-vice-presidente do Rock In Rio, é que um estudo seja realizado para que Florianópolis consiga viabilizar grandes concertos como o deste sábado. A ideia é que o poder público também apoie essas iniciativas, já que os grandes eventos trazem retorno econômico para a cidade que os recebe e para o próprio Estado.
— E aí eu falo não só da parte de estrutura, do estádio e de serviços prestados durante o show, mas também no hábito do povo de comprar esses ingressos. Eu sinto que há uma demanda reprimida no Estado. Quando há shows em São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, as pessoas se deslocam até lá — explica Paulo.
Ele reforça que a presença de um artista como Paul McCartney também divulga a imagem de Florianópolis e de Santa Catarina para o mundo. Ainda, relembra como a cidade tem se profissionalizado em diferentes setores, com casas de espetáculos e beach clubs cada vez mais estruturados, além do aeroporto eleito o melhor do país e da segurança que é destaque na cidade e no Estado.
— Florianópolis também se destaca como um importante centro de eventos corporativos, e nossas Forças de Segurança estão cada vez mais preparadas. Com todos esses fatores positivos, acredito que a cidade e o estado continuam a se consolidar como referências no assunto — afirma.
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O retorno dos grandes shows
A produtora e empresária Eveline Orth, que comanda a Orth Produções, explica que o mercado de shows ainda enfrenta um processo de estabilização depois do período de paralisação da pandemia. Com um represamento de público que estava sem a possibilidade de ir a grandes eventos, o setor voltou de forma intensa, mas também se reinventou e se reestruturou.
Nesse cenário, ela destaca a importância da vinda de um show internacional deste porte para a cidade de Florianópolis e o quanto os eventos movimentam a economia local.
— Ajuda a solidificar a vocação que a cidade e o estado têm de ser um grande “host” de shows desse porte. Pois além do público catarinense temos o turista de outros estados que vem somente para assistir ao show.
Eveline relembra o show da Beyoncé, em 2010, no qual cerca de 25% do público pagante era de Santa Catarina, e o restante proveniente de outros estados brasileiros, sendo São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul os principais estados de origem. Assim, a vinda de um show de grande porte impacta no setor de hotéis, restaurantes, transporte e outros, pontua.
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O grande potencial turístico de Florianópolis é aliado da vinda de shows internacionais para a cidade, mas Eveline reforça a necessidade de investimentos em novos espaços, compatíveis com o tamanho da capital, com parcerias público-privadas. Além disso, também é preciso investimento em outras áreas como mobilidade, segurança e balneabilidade, por exemplo.
— Florianópolis pode sim entrar na rota de grandes shows internacionais, mas para isso se faz necessário apoios, incentivos e patrocínios. Os custos de produção são altíssimos e não se paga somente com a bilheteria. Então Florianópolis pode competir à medida que tenha espaços e benefícios para que estes grandes shows internacionais e grandes shows nacionais venham para a cidade, a exemplo de Porto Alegre e Curitiba.
A vinda de Paul a Florianópolis deve fazer com que os olhares de outros produtores se voltem para a cidade, explica Paulo Fellin, responsável por trazer o artista de volta para Santa Catarina. A partir da repercussão final do evento, os produtores devem avaliar a inclusão da capital em projetos futuros.
— Recolocar Florianópolis na rota dos grandes shows impulsiona outros produtores internacionais a buscar nossa cidade como opção de futuros espetáculos. As obras realizadas no estádio, o plano de mobilidade realizado pelas Forças de Segurança Pública e o envolvimento de empresas locais promovem uma espiral bastante positiva — explica.
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Destaque entre as capitais do sul
O produtor ainda afirma que, por se tratar de cidades com populações maiores, é natural que Curitiba e Porto Alegre sejam escolhidas pelos promotores para garantir uma forte venda de ingressos. Ele destaca que essas duas capitais também receberam investimento federal para construir estádios para a Copa do Mundo, arenas mais preparadas para concertos e grandes eventos.
Contudo, Paulo diz que há espaço para todos no mercado, e que a capital catarinense cresceu muito nas últimas décadas. Trazer Florianópolis para a rota dos grandes espetáculos acaba sendo uma forma de divulgar os potenciais da cidade, como a segurança e o turismo.
— Entendo que Florianópolis, por ser o destino turístico mais potente do Sul, e também por ser um destino importante de eventos corporativos, está cada vez mais forte para ser candidata a receber projetos desta natureza.
Prefeitura se planeja para volta de um grande show
O retorno de grandes shows para a capital catarinense era objetivo também do governo municipal, que atuou na elaboração de um plano de mobilidade que possibilitasse um show com fluidez no trânsito. É o que destaca Rafael Hahne, secretário de Transportes e Infraestrutura de Florianópolis.
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— Na verdade, é um grande desafio para Florianópolis voltar a ser rota de grandes shows. É um grande objetivo do município, do Governo do Estado. Foi trabalhado em sintonia com a produtora também para que a gente tivesse uma boa mobilidade, um bom acesso e um bom retorno das pessoas até em casa — detalha.
No planejamento para um show dessa proporção, a prefeitura escolheu por um processo híbrido, em que as pessoas possam usar os ônibus ou veículos individuais para fazer o trajeto até o Estádio Aderbal Ramos da Silva (Ressacada), onde será realizado o show.
— O município fez a partir da plataforma B [do Ticen], todas as linhas que vão para a Tapera, Carianos e também para o Aeroporto ônibus extras que vão permitir esse atendimento a partir das 13h de sábado até às 21h. E a saída também, na Avenida Dep. Diomício Freitas o retorno do show, com dez ônibus esperando lá no local, para trazer essas pessoas de volta, seja para o TICEN, para o TITRI ou para o TIRIO — pontua.
São esperadas mais de 30 mil pessoas no evento. A organização irá separar ainda o fluxo de quem irá usar táxi, aplicativo, transporte coletivo e estacionamento, de forma a facilitar a mobilidade no local. A organização pede que o público do show chegue com antecedência, tenha paciência, e vá com tranquilidade para se divertir.
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— É realmente um retorno de Florianópolis para os grandes shows, e a prefeitura está empenhada para trazer um grande evento para a cidade — finaliza o secretário.
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