Florianópolis registrou na noite de sábado o 42º assassinato na cidade em 2017. O pedreiro Antonio Rodrigues, 44 anos, foi morto com quatro tiros no Bairro Monte Cristo, na região Continental da Capital catarinense, perto da meia-noite. O rapaz chegou a ser levado ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos.

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Responsável pela Delegacia de Homicídios, o delegado Ênio de Oliveira Matos disse que tem poucas informações do caso porque a polícia não foi chamada no local do crime. Somente com a entrada dele no hospital é que as autoridades foram informadas do homicídio. O pouco que se sabe, segundo o delegado, é que a vítima estaria em uma festa e não houve troca de tiros.

A reportagem conversou com uma familiar de Antonio, que prefere não se identificar, e ela disse que seu parente não tinha ligação com o tráfico de drogas e nenhum tipo de desavença que pudesse ter motivado seu assassinato. Ela disse desconhecer que Antonio estivesse em uma festa.

— Ele estava na rua, sozinho.

Familiares da vítima não encontram cemitério para sepultar Antonio

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Quase 24 horas depois de descobrirem que Antonio tinha sido assassinado, familiares do pedreiro ainda velavam o corpo do homem na Capela do Monte Cristo porque não há vagas nos cemitérios de Florianópolis. Desesperados, parentes de Antonio procuraram a reportagem para relatar o drama de não saber para onde levar o corpo de um ente que já morreu há quase um dia.

— No Itacorubi, não tem vaga. Também não há vagas nos cemitérios de Coqueiros, Rio Vermelho e Ratones. No Campeche, tem vaga, mas precisa pagar. Procuramos os cemitérios de Barreiros e Forquilhas, em São José, e nos disseram que como moramos em Florianópolis ele tem que ser enterrado aqui. Não sabemos o que fazer. Não podemos ficar uma semana com o corpo aqui, porque já está começando a cheirar mal — relata uma familiar da vítima.

Luiz Américo Medeiros, secretário de Obras da Capital, admite que Florianópolis enfrenta um grave problema de falta de vagas em cemitérios. Ele não soube o que recomendar aos familiares de Antonio neste momento. Disse que todos os cemitérios da cidade cobram taxa de sepultamento. Afirmou que para pessoas que não possuem sepultura de algum familiar na cidade, realmente não há vagas.

— Se a família já tem sepultura, tem vaga. Caso contrário, não — revelou, antes de ser novamente questionado sobre o que a família de Antonio deveria fazer com o corpo do parente. O secretário respondeu que “se fosse meu, ia tentar achar uma solução, como levar para outra cidade próxima”.

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A reportagem insistiu, destacou que a família tentou buscar cemitérios em São José, mas tiveram os pedidos negados por não se tratar do município de domicílio do falecido. Américo, então, disse “não ter solução”.

Cinco morte em dois dias

O homicídio deste sábado é quinto em dois dias na Capital. Na sexta-feira, quatro pessoas foram assassinadas na cidade. A primeira morte foi pela manhã, em frente ao Mercado Público de Florianópolis, no Centro. Vilmar de Souza Junior, o juninho, 29 anos, foi executado por dois homens em um Vectra preto. Até a tarde deste domingo, ninguém foi preso.

O segundo homicídio da sexta-feira foi baleado na entrada do estacionamento do Floripa Shopping, no Bairro Monte Verde. Segundo as polícias Militar e Civil, foi um crime passional. O suspeito de ser o autor dos disparos tem 19 anos e a vítima foi marcos Eduardo Marcelino, 22.

Já à noite, outros dois homens foram mortos. Uma das vítimas foi baleada por dois homens no Monte Cristo. Neste caso, a PM foi acionada às 21h05min e enviou ao local duas viaturas e uma ambulância do Samu. O assassinato ocorreu na rua, próximo a um mercado. As primeiras suspeitas, ainda não confirmadas, são de que o crime tenha sido resultado da guerra entre facções do local.

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O segundo homem foi morto no Ratones, norte da Ilha. Às 22h50min a PM havia confirmado o crime. A vítima tinha 27 anos e foi atingida por disparos quando retornava para a casa da namorada, em uma região conhecida como Canto do Moreira. À PM, a namorada contou que dois homens apareceram em uma moto, realizaram os disparos e fugiram.