O anúncio feito pelo Ministério da Saúde de que pretende antecipar para março o início da campanha de vacinação contra a gripe em todo o país, pensando principalmente em descartar os casos da doença no meio da crise global causada pelo novo coronavírus, está sendo visto com cautela pelas autoridades sanitárias de Florianópolis. Para eles, a ideia é boa mas o risco de que faltem doses por conta de atrasos na distribuição federal pode frustrar as expectativas.

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Em entrevista ao Notícia na Manhã deste sábado (8), a gerente da Vigilância Epidemiológica da secretaria de Saúde da Capital, Ana Cristina Vidor, afirmou que "a antecipação é um anseio dos estados do Sul do Brasil há muito tempo, pois os vírus começam a circular na região entre o final de fevereiro e o início de março" e que isso permite aumentar a eficiência da vacina, mas "uma coisa é o Ministério anunciar uma intenção" e depois "postergar por uma semana, duas semanas, por não ter vacina suficiente".

– É importante que os serviços já se organizem e que a população fique alerta, mas nós só teremos a informação completa sobre datas mais para frente. Só recebemos uma nota, sem orientações oficiais e técnicas, e isso não nos permite definir o dia em que essa campanha vai começar – declarou Ana Vidor.

Pentavalente

Problemas de distribuição não são exclusividade das vacinas contra a gripe ou de campanhas recém-iniciadas. Desde o mês de novembro de 2019 falta a Pentavalente, combinação de vírus e bactérias inativados de cinco doenças: difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Haemophilus influenzae tipo B, responsável por infecções no nariz, nas meninges e garganta. Apesar de fazer parte do Programa Nacional de Imunizações (PNI) desde 2012, nem sempre os frascos estão disponíveis nos postos de saúde.

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– Infelizmente nós estamos recebendo estoques com incerteza de data e quantidade. Era pra isso ter sido normalizado em novembro, depois no mês passado, o Ministério anuncia que está normalizando, mas o fato é que nós estamos recebendo quantidades pequenas, apesar de a regularidade ter aumentado – disse a especialista em epidemiologia.

Segundo a gerente da secretaria de Saúde de Florianópolis, o problema é causado pela capacidade de produção limitada dos laboratórios. "Não há uma confirmação dos órgãos federais quanto a isso, mas é o que percebemos".

Ouça a entrevista: