Florianópolis é quarta capital com maior consumo de bebidas alcoólicas no Brasil, 22,4% dos entrevistados com mais de 18 anos afirmaram consumir cinco ou mais doses (homem) de bebida alcoólica em uma mesma ocasião. A cidade fica atrás apenas de Salvador com 23,5% e empata com Vitória e Belo Horizonte. Os dados fazem parte da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) do Ministério da Saúde (MS) e dizem respeito ao ano de 2018.

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O médico psiquiatra, Marcos da Costa Leite, doutor em dependência química pontua que o levantamento é preocupante, mas ao mesmo tempo é um reflexo da cultura local. Paulista, ele mora em Florianópolis há aproximadamente cinco anos e comenta que percebe algumas características comportamentais específicas relacionadas ao álcool.

— Eu vejo o hábito de beber muito frequente em Florianópolis, a sensação é que mais do que em outros Estados, o álcool faz parte do cotidiano. A descendência na Ilha é forte de alemães, portugueses e italianos, povos que, culturalmente, tem o álcool como parte do dia a dia. Nota-se também uma certa glamourização do ato de beber, a imagem da cidade está muito associada a baladas. Nós estamos promovendo uma ideia para as crianças que os abusos de álcool e outras substâncias são bonitos, são corretos, então daqui há 10 anos como será o cenário? – diz Leite.

Os dados do levantamento estão disponíveis desde 2006 e nesse período a Capital catarinense saltou do sétimo lugar com um percentual de 18,1% para a segunda posição nacional.

Aumento do consumo entre as mulheres

Os números apontam também para um incremento no consumo de álcool por mulheres, esse valor dobrou nos últimos 13 anos. Em 2018, 14% das entrevistadas afirmaram ingerir quatro ou mais doses de bebida alcoólica em uma mesma ocasião, nos últimos 30 dias. Em 2006 esse valor era de 7%.

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Já no caso dos homens, a variação não foi tão expressiva 31% deles confirmaram que nos últimos 30 dias, consumiram cinco ou mais doses de bebida alcoólica em uma mesma ocasião, um crescimento de apenas 1% em relação a 2006.

O psiquiatra explica que esses dados são parte de um padrão de aumento exponencial de consumo entre as mulheres que vem desde a década de 80. Entretanto, ressalta que o abuso indicado no levantamento não representa alcoolismo.

— O consumo abusivo aponta que a pessoa está bebendo demais, mas nem todos que estão fazendo isso são dependentes. Muitos tem condição de parar ainda. A principal característica do alcoolismo é não conseguir estabelecer limites para o consumo da substância. A perda do controle. Entre os dados é possível haver dependentes, mas isso não significa que todos que responderam sim à pergunta são alcoólatras. — afirma Marcos