Florianópolis é pioneira em tratamento para insuficiência cardíaca

O Hospital SOS Cárdio, de Florianópolis, foi escolhido para ser o pioneiro no Brasil na implantação de um novo tratamento, que começou a ser utilizado recentemente na Europa e EUA, indicado para quem sofre de insuficiência cardíaca causada pelo coração dilatado. O novo marcapasso sincroniza os batimentos e passa de quatro para seis polos de estímulo – quatro no lado esquerdo e dois no direito. O resultado é uma melhora importante na função do coração.

O procedimento foi conduzido pelos cardiologistas André d’Avila e Alexander Romeno Dal Forno e realizado em outubro. Depois de um período de observação, este primeiro caso foi considerado um sucesso tanto pela equipe médica quanto pelo paciente, que terá uma nova avaliação feita a cada seis meses. Com o resultado positivo, o tratamento poderá se consolidar no país. Um segundo implante está previsto para dezembro, também no SOS Cárdio.

ENTREVISTA

Dispositivo deve ser o mais usado no mundo nos próximos anos, avalia cardiologista

O cardiologista catarinense André d’Ávila atuou durante oito anos nos Estados Unidos, como codiretor do Serviço de Arritmia do Hospital Mount Sinai, em Nova York. O médico, nascido em Florianópolis e formado pela Universidade Federal de Santa Catarina, é o único brasileiro a participar do 19º Simpósio Internacional Boston AF (Atrial Fibrillation), em janeiro.

Quais as causas e os sintomas desta doença? Em que casos esse novo procedimento é indicado?

Esse tipo de marcapasso cardíaco é implantado em pacientes que têm insuficiência cardíaca, uma doença muito comum. Mas nem todos os pacientes poderão se beneficiar do marcapasso cardíaco (chamado de ressincronizador). É preciso que apresentem outros critérios, tais como ter a função do coração abaixo de 30%, associada à presença de bloqueio elétrico no ramo esquerdo, ou que sejam dependentes de marcapassos que não estejam respondendo adequadamente à medicação prescrita para o tratamento. A indicação do implante, portanto, depende da avaliação do cardiologista.

Por que na sua opinião Florianópolis foi escolhida para ser pioneira no tratamento?

O SOS Cárdio tem investido na criação de um novo Serviço de Arritmia Cardíaca, com uma equipe de diversos especialistas. O implante deste tipo especial de marcapasso cardíaco já é feito há vários anos em Santa Catarina, inclusive no Instituto de Cardiologia, pelo SUS. A diferença é o tipo de ressincronizador utilizado. O que foi implantando por nós possibilita o estimulo elétrico simultâneo de várias áreas do coração. Acredito que Florianópolis foi escolhida como pioneira por minha experiência prévia nesse tipo de implante aliada ao suporte oferecido pelo SOS Cárdio.

Já fizeram com quantos pacientes?

Este foi apenas o primeiro caso, mas estamos preparando um segundo paciente para meados de dezembro. Seguramente, outros pacientes serão beneficiados com essa tecnologia a partir de agora. É provável que este tipo de dispositivo transforme-se no mais implantado no mundo nos próximos anos.