A promessa de um sistema de compartilhamento de bicicletas em Florianópolis se arrasta, entre gestões e secretarias distintas, desde outubro de 2011, quando foi anunciado oficialmente o primeiro projeto e uma audiência pública para definir o conteúdo do edital de licitação do sistema. Os primeiros estudos, no entanto, são feitos pela arquiteta do Ipuf, Vera Lúcia da Silva, há quase dez anos, quando o modelo nem havia chegado ao Brasil – o que aconteceria em 2009, quase que simultaneamente em São Paulo e no Rio de Janeiro.
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– O primeiro projeto concreto de aluguel de bicicletas como opção de transporte na cidade surgiu em 2009, mas era um pouco diferente. Seria um sistema misto, com estações montadas em pequenos comércios, como pequenos cafés e floriculturas, que cuidariam dos veículos. – lembra Fabiano Faga, membro da União de Ciclistas do Brasil que participou ativamente do processo.
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Esse modelo seria chamado Floripa Bike, teria 45 estações, nas regiões central, Bacia do Itacorubi e Norte da Ilha. O projeto de Florianópolis, inicialmente previsto para ser inaugurado em 22 de setembro de 2009, Dia Mundial Sem Carro, acabou sem acordo entre poder público e empresas interessadas.
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Com o fracasso do Floripa Bike, a ideia das bicicletas de aluguel voltou à pauta em 2011, com o novo nome: Floribike. Desde então, o projeto tenta sair do papel, marcado por atrasos, suspensões e licitações vazias. Ainda assim, não se pode deixar de valorizar a participação pública no processo, modelo para o país. Aspectos técnicos são escolhidos com opinião da população e das entidades relacionadas à bicicleta na cidade, como a Associação dos Ciclousuarios da Grande Florianopolis (ViaCiclo), ONG que atua na promoção da bicicleta.
– O processo licitatório do Floribike, desde o seu início, envolveu os técnicos da prefeitura e ciclistas representativos de diversos extratos da sociedade. Da definição dos pontos de aluguel de bicicleta até as características mínimas do sistema, tudo foi tratado de forma conjunta, o que merece ser destacado. Lamenta-se o atraso, mas a forma com que é conduzido é boa. – ressalta Faga.
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Pioneirismo no cicloativismo
O pioneirismo de Florianópolis no universo do ciclismo não se restringe à discussão de um sistema de bicicletas de aluguel. Segundo Faga, a Capital foi uma das primeiras a ter uma legislação municipal prevendo a implantação de ciclovias e bicicletários e a segunda cidade a ter uma versão da Bicicletada – movimento em que ciclistas se reúnem para uma grande pedalada, com apitos, buzinas e itens que despertem a atenção dos motoristas para a presença das bicicletas nas ruas -, atrás apenas de São Paulo.
É também uma das poucas cidades do país a ter uma Comissão de Mobilidade Urbana por Bicicleta (Pró-Bici), em que técnicos do poder público e ciclistas discutem políticas de mobilidade urbana e bicicleta no município. Em 2001, foi instituída oficialmente a ViaCiclo,uma das mais antigas ONGs do setor no país.